quarta-feira, 29 de julho de 2009
DO LIVRO POETA EM NOVA YORK (XII)
A AURORA DE NOVA YORK
A aurora de Nova York tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de pombas negras
que chapinham nas águas apodrecidas.
A aurora de Nova York geme
por imensas escadarias
buscando entre as arestas
nardos de desenhada angústia.
A aurora chega e ninguém a recebe em sua boca
porque ali não há amanhã nem esperança possível:
às vezes as moedas em enxames furiosos
perfuram e devoram meninos abandonados.
Os primeiros que saem compreendem com seus ossos
que não haverá paraísos nem amores desfolhados;
sabem que vão ao lodo de números e leis,
aos jogos sem arte, a suores sem fruto.
A luz é sepultada por cadeias e ruídos
no impudico repto de ciência sem raízes.
Pelos bairros há pessoas que vacilam insones
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.
Tradução: Claudio Daniel
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