GÊNESE
enfermo ventre grávido padece praça bizarra
parábolos brinquedos enlouquecidos
pérfidos perfis perfilados
rostos gêmeos
passos possessos
caos silencioso vazio
tórridos relâmpagos calados
oeste escarlate de nuvens arquitetas
desfecho longínquo retorce poetas distintos
ANJO TORPE
silêncio envermelha crepúsculo sangrento
sopro turbilhona convulsivamente
sólida solidão dos muros
lamentos feéricos
distúrbios poéticos regressivos
paralisia profética do sentido prático
criatura inválida tece evasão imaginária
SOMBRA
língua sábia lambe áspero cárcere fictício
sonhos evaporam silêncio mortificado
originais duma vitalidade dilatada
arcaica simbologia redentora
cega fonte culta
suave azul obscuro
tristes olhos extremos
assombrosas cores vigorosas
manuscritos carcomidos
sublimes pilares paralelos
sopro cuspido no êxatase bucal
trépidos movimentos sincronizados
fragmentos empíricos pelos vasos oníricos
(Poemas do livro Audito. Niterói: C. L. Edições, 2009)
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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Muito óbvio! Sou sincero.
ResponderExcluirCaro, gosto da construção rítmica dos poemas do Flávio Castro. Claro que podemos discordar.
ResponderExcluirAbraço,
CD
Não quis ser indelicado e menos ainda diminuir o trabalho do Flávio Castro... Peço desculpa se soou assim. Na realidade, já li alguns textos com uma construção muito parecida... Mas, enfim, talvez eu nem entenda esse tipo de construção e tampouco sou crítico literário.
ResponderExcluirFelicidades, e, de novo, desculpem-me!
Caro, você tem todo o direito de não gostar dos poemas. Procuro usar o espaço da Pele de Lontra para divulgar o trabalho de autores novos, que em geral nunca serão resenhados na seção Rodapé da Folha de S. Paulo. Isto não quer dizer que eu deseje unanimidade (que é sempre burra, como dizia Nelson Rodrigues). Acho importante abrir espaços de discussão na mídia alternativa, como a internet, para que possamos analisar criticamente, de modo argumentativo, a produção dos mais novos. É isto o que se espera da crítica séria: argumentação. E justamente é o que falta nos cadernos culturais da imprensa diária, que apenas louvam os nomes consagrados pelo establishment rumoroso e silenciam em relação aos demais. É contra isto que eu sempre lutei e continuarei lutando, aceitando pagar o preço pela dissidência. Voltando a tuas mensagens, são sempre bem-vindas, escreva quando quiser. Sempre aprovo mensagens críticas quando sei que são sinceras e sem intenção agressiva; as poucas mensagens que recusei publicar até hoje eram ofensivas. Discussão de idéias é outra coisa, e a Pele de Lontra sempre esteve aberta a isso. Grato pela participação, amigo! O abraço do
ResponderExcluirClaudio