domingo, 26 de julho de 2009

ME SEGURA QU’EU VOU DAR UM TROÇO

O bafo dos dentes do dragão. O bafo da boca da besta. O bafo da boca do falso profeta. Sinal nas tetas e nas mãos. A segunda morte. Os novos céus e a nova terra. A cidade de ouro puro semelhante a vidro transparente. Ave imunda. A árvore da vida da nação contaminada. Eis que faço novas todas as coisas. Quem vencer herdará todas as coisas. A queda da babilônia — a visão da grande prostituta assentada sobre a besta. Ballet miserável — mendigos se jogando aos pés dos doadores de esmola: expondo os cotos: proxenetas: putas: passadores de fumo: capitães de fragata ou seja cafetães de gravata: pivetes do Cacique: camelôs às voltas com o rapa: catadores de comidas nas latas de lixo: o grotesco e a caricatura do pitoresco: o oferecimento total: obsequiosidades de colonizadores: purulências, fezes, secreções, pus, mijo, lepra. Décor: parede feita de baratas nos Alagoas. Volta ao Ballet: exposição pública de mercadorias: barbeiros fazendo barbas ao ar livre: jogadores de dominó vestidos de pijamas: liame imediato com o sobrenatural no candomblé: acarajé fazendo na hora com pibigás em plena rua. Desintegração. Como juntar o continente americano ao continente asiático numa política de 3º. Mundo?

Am = saque de 500 anos apenas. Os trópicos vagos e os trópicos lotados. Feira brasileira e bazar oriental.

Alegres tópicos: bagana — papanata — ponta firme — campar com a pururuca — encher a moringa da fumaça — buchicho — xarope — muquirana.

(Fragmento do livro Me segura qu’eu vou dar um troço, de Waly Salomão. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora / Edições Biblioteca Nacional, 2003)

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