Caro, considero Gal Costa, de longe, a melhor cantora brasileira, com voz única, domínio da técnica e uma rara capacidade de fazer aquilo que quiser na canção (vide o duelo de agudos com o guitarrista, em "Meu nome é Gal"). Agora, claro, podemos gostar mais dessa ou daquela fase dela, desse ou daquele repertório. O mesmo acontece com Caetano Veloso ou qualquer outro músico ou intérprete. Eu mesmo prefiro a Gal dos anos 70/80. Agora, comparando-a com o que existe hoje na canção brasileira, com aquilo que toca no rádio e aparece na televisão, Gal Costa ainda está a anos-luz de distância. O pior dela é melhor do que o melhor dessa moçada, in my opinion. Abraço, CD
Caro, sinceramente, nunca gostei de Manuel Bandeira, com os seus diminutivos e ternurinhas, e acho que a poesia brasileira tem evoluído muito bem nas últimas décadas, com Augusto e Haroldo de Campos, Paulo Leminski, Antonio Risério, Josely Vianna Baptista, Rodrigo Garcia Lopes, entre muitos outros nomes. Releio sempre Murilo, Drummond, Cabral, mas não tenho nenhuma sensação de que o ontem é sempre melhor do que o hoje. Inclusive na música popular. Gosto muito de cantoras que estrearam dos anos 80-90 para cá, como Elitete Negreiros, Tetê Espíndola e várias outras, mas tenho o direito de achar que Gal é melhor, sinto muito. Se você discorda, é um direito seu. Agora, não entendo porque você deixa mensagens ofensivas a ela aqui, se não gosta do que ela faz hoje: basta ouvir aquilo que você curte. Eu continuarei ouvindo Gal Costa, sorry. Abraço,
Caro Eduardo, alguns acréscimos a minha resposta: seria injusto julgar Drummond a partir de seus poemas de circunstância, versos do cotidiano inspirados em crônicas de jornal; o grande Drummond é o da Rosa do Povo, A Máquina do Mundo (em Claro Enigma), Lição de Coisas e outras obras-primas. Esse é o Drummond que conta. Do mesmo modo, acho injusto julgar Gal Costa a partir de sua fase mais recente: ela tem 40 anos de carreira, e ao longo de sua vida criativa teve muitos momentos de altíssimo nível de criação, e isso é o que fica. Não estou dizendo que a música popular acabou com ela, e que nada de bom virá depois. Acho tola a atitude passadista (ontem foi melhor que hoje), e igualmente tola a atitude de "hoje é sempre melhor que ontem". Em todas as épocas, vamos encontrar bons e maus artistas, e, muitas vezes, num mesmo artista, vamos encontrar o sublime e o grotesco. O Ferreira Gullar que escreveu A Luta Corporal, um dos grandes livros de nossa poesia, também escreveu o fraco Barulhos. Mas eu gosto de Gullar por aquilo que ele produziu de altíssima poesia. É difícil acertar sempre. Você consegue? Nem eu. Abraço,
Claudio Daniel é poeta, romancista, crítico literário e professor de literatura. Nasceu em 1962, na cidade de São Paulo (SP). Cursou o mestrado e o doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). Realizou o pós-doutoramento em Teoria Literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É praticante de artes marciais japonesas -- Kenjutsu (a arte da espada samurai), Bojutsu (a arte do bastão longo) e Karatê.Foi diretor adjunto da Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, curador de Literatura no Centro Cultural São Paulo e colunista da revista CULT. Atualmente, Claudio Daniel é editor da revista impressa GROU Cultura e Arte e ministra aulas online de criação literária no Laboratório de Criação Poética. Publicou diversos livros de poesia, ensaio e ficção, entre eles Cadernos bestiais: breviário da tragédia brasileira, Portão 7, Marabô Obatalá, Sete olhos e outros poemas e Dialeto açafrão (sob a lua de Gaza), todos de poesia, o livro de contos Romanceiro de Dona Virgo e os romances Mojubá e A casa das encantadas.
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ResponderExcluirCaro, considero Gal Costa, de longe, a melhor cantora brasileira, com voz única, domínio da técnica e uma rara capacidade de fazer aquilo que quiser na canção (vide o duelo de agudos com o guitarrista, em "Meu nome é Gal"). Agora, claro, podemos gostar mais dessa ou daquela fase dela, desse ou daquele repertório. O mesmo acontece com Caetano Veloso ou qualquer outro músico ou intérprete. Eu mesmo prefiro a Gal dos anos 70/80. Agora, comparando-a com o que existe hoje na canção brasileira, com aquilo que toca no rádio e aparece na televisão, Gal Costa ainda está a anos-luz de distância. O pior dela é melhor do que o melhor dessa moçada, in my opinion. Abraço, CD
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ResponderExcluirCaro, sinceramente, nunca gostei de Manuel Bandeira, com os seus diminutivos e ternurinhas, e acho que a poesia brasileira tem evoluído muito bem nas últimas décadas, com Augusto e Haroldo de Campos, Paulo Leminski, Antonio Risério, Josely Vianna Baptista, Rodrigo Garcia Lopes, entre muitos outros nomes. Releio sempre Murilo, Drummond, Cabral, mas não tenho nenhuma sensação de que o ontem é sempre melhor do que o hoje. Inclusive na música popular. Gosto muito de cantoras que estrearam dos anos 80-90 para cá, como Elitete Negreiros, Tetê Espíndola e várias outras, mas tenho o direito de achar que Gal é melhor, sinto muito. Se você discorda, é um direito seu. Agora, não entendo porque você deixa mensagens ofensivas a ela aqui, se não gosta do que ela faz hoje: basta ouvir aquilo que você curte. Eu continuarei ouvindo Gal Costa, sorry. Abraço,
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Caro Eduardo, alguns acréscimos a minha resposta: seria injusto julgar Drummond a partir de seus poemas de circunstância, versos do cotidiano inspirados em crônicas de jornal; o grande Drummond é o da Rosa do Povo, A Máquina do Mundo (em Claro Enigma), Lição de Coisas e outras obras-primas. Esse é o Drummond que conta. Do mesmo modo, acho injusto julgar Gal Costa a partir de sua fase mais recente: ela tem 40 anos de carreira, e ao longo de sua vida criativa teve muitos momentos de altíssimo nível de criação, e isso é o que fica. Não estou dizendo que a música popular acabou com ela, e que nada de bom virá depois. Acho tola a atitude passadista (ontem foi melhor que hoje), e igualmente tola a atitude de "hoje é sempre melhor que ontem". Em todas as épocas, vamos encontrar bons e maus artistas, e, muitas vezes, num mesmo artista, vamos encontrar o sublime e o grotesco. O Ferreira Gullar que escreveu A Luta Corporal, um dos grandes livros de nossa poesia, também escreveu o fraco Barulhos. Mas eu gosto de Gullar por aquilo que ele produziu de altíssima poesia. É difícil acertar sempre. Você consegue? Nem eu. Abraço,
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