MANASOTA KEY
Nas páginas do mar
pelicanos em linha
escrevem as sombras de seus peitos
ao quase tocarem uma onda.
O sol rascunha rubros
bilhetes de despedida, toda tarde.
Golfinhos, suas barbatanas
relatam os rudes caminhos
pela pradaria das baleias.
Mergulhões redigem sua escrita
kamikaze,
suicida, invisível por instantes.
Nas páginas da areia
(cujas conchas são suas obras
completas)
fósseis negros de dentes de
tubarão
escrevem a autobiografia
de dois milhões de anos.
Rastro de guaxinim,
seu romance de aventura
da duna à estrada.
Um siri deixa sua assinatura
sobre marcas de pneus de um SUV.
Garrafa com uma mensagem, um pen
drive
com a história de um naufrágio.
Nas páginas do céu
nuvens ancestrais e sempre-novas
relatam
suas viagens sobre o mundo,
infinitas.
Furacões emplacam best-sellers
sobre o Golfo do México
enquanto folhas de outono
caligrafam no ar
ideogramas precisos,
memórias do vento.
Satélites traçam haicais de luz.
A lua amarelo-limão descreve seu
brilho solene
sobre as palmeiras da Flórida.
Eu não escrevo nada.
Eu não escrevo nada.
(Confiram mais poemas de Rodrigo Garcia Lopes na edição de agosto da Zunái)
Muito bom! "Golfinhos, suas barbatanas
ResponderExcluirrelatam os rudes caminhos
pela pradaria das baleias."
Personificação e uma dose de audácia. E esta lua que é brasileira, comunga com a caipirinha. "A lua amarelo-limão descreve seu brilho solene
sobre as palmeiras da Flórida"
kátia