A VIRGEM LOUCA de Donatien-Alphonse
imperando entre máscaras no labirinto do
vento
ao anoitecer
as viúvas do Minotauro
trazem-lhe uma taça repleta de um veneno
secreto
e entre as pernas põem-lhe finos seixos para que
sonhe minotauramente.
SISMOGRAFIA
Um grito oceânico
aves que sobem pelos ventrículos da mulher
turbos plantados na sua orfandade
e as estátuas
altas com o eixo do mistério
ardendo mansamente
em baixo
o homem procura as agulhas perfeitas
a intimidade da estrutura aberta para lhes
ser sangue.
ERGUENDO a mão direita
explicou: falo do silêncio
da sua poderosa turbina
devastando a boca do poeta.
SENTOU-SE na posição de lótus e disse:
devoram
a brevidade do infinito
na secura do momento que lhes arde nos lábios
e todos os nomes são uma efémera
conspiração nos andaimes do silêncio.
ESCREVEU: sou um corpo nu
rasgado ao meio
exposto à luz e ao vento
– um arbusto no deserto.
*
DISSE : talvez a palavra poética
seja uma desertificação
– o lento assassinato do eu.
(Confiram mais poemas de Luís Costa na edição de agosto da Zunái)
Nenhum comentário:
Postar um comentário