MAMÃE
GRANDE
todas
as águas do mundo são
Dela, fluem
refluem nos ritmos
Dela, tudo que vem,
que revém, todas
as águas
do mundo são
Dela,
fluem refluem
nos ritmos Dela.
tudo que
vem, que revém,
todas as águas
do mundo
são Dela, fluem
refluem
nos ritmos Dela, tudo
que vem
que revém.
OIÁ
Repito o que
recita o vento:
que as coisas vêm
a seu tempo,
a seu tempo,
que elas sabem
qual tempo é o delas,
qual tempo é o delas,
que esse tempo
quase nunca
quase nunca
é o dos viventes, mas
que, assim sendo,
que, assim sendo,
força é render-se
à força delas
à força delas
movendo-se, folha
ao vento, rasgacéus,
ao vento, rasgacéus,
deusa ciosa das coisas
que lhe ofertem
que lhe ofertem
e de cada corpo quando
dance na festa
dance na festa
em seu nome ao vento.
veja-a: resplendente
veja-a: resplendente
aqui, já repontando
ali - epa, Oiá-Ô!
ali - epa, Oiá-Ô!
CENÁRIO
um peixe
completa seu
giro cego rente
ao pôr-
do-sol
na água
a noite toda
e parte
da manhã
um búzio
resiste aos
golpes do
mar
sem paz
TEATRO
tudo branco
ao redor
estático
teatro de
sombras
matéria de
que é
feita a
insônia
quem me
dera o ouro
de uma
noite sem
memória
INFERNO
sob um
silêncio pesado
demais para
a ventania sob a
pequena noite
vista da primeira
janela à
esquerda
sob a trilha de
estrelas novas
sob um
nome nunca
pronunciado sob um
trilo terrível
sob o
monstro re
— pior, o mundo —
animado
LOA
DA MENINA DEUSA
já perto do poente
o cabelo ornado
com invisíveis fios
de ouro
a menina uma
putinha da areia uma
menina deusa
qualquer
inventa a um
simples meneio
dos dedos
um outro sol
e some
rápida
reconvertida
em água
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