sexta-feira, 3 de agosto de 2012

POEMAS DE RICARDO ALEIXO



MAMÃE GRANDE

todas
as águas do mundo são
Dela, fluem
refluem nos ritmos
Dela, tudo que vem,
que revém, todas
as águas
do mundo são
Dela,
fluem refluem
nos ritmos Dela.
tudo que
vem, que revém,
todas as águas
do mundo
são Dela, fluem
refluem
nos ritmos Dela, tudo
que vem
que revém.


OIÁ

Repito o que
recita o vento:

que as coisas vêm
a seu tempo,

que elas sabem
qual tempo é o delas,

que esse tempo
quase nunca

é o dos viventes, mas
que, assim sendo,

força é render-se
à força delas

movendo-se, folha
ao vento, rasgacéus,

deusa ciosa das coisas
que lhe ofertem

e de cada corpo quando
dance na festa

em seu nome ao vento.
veja-a: resplendente

aqui, já repontando
ali - epa, Oiá-Ô!


CENÁRIO

um peixe
completa seu

giro cego rente
ao pôr-

do-sol
na água

a noite toda
e parte

da manhã
um búzio

resiste aos
golpes do

mar
sem paz


TEATRO

tudo branco
ao redor

estático
teatro de

sombras
matéria de

que é
feita a

insônia
quem me

dera o ouro
de uma

noite sem
memória


INFERNO

sob um
silêncio pesado

demais para
a ventania sob a

pequena noite
vista da primeira

janela à
esquerda

sob a trilha de
estrelas novas

sob um
nome nunca

pronunciado sob um
trilo terrível

sob o
monstro re

— pior, o mundo —
animado


LOA DA MENINA DEUSA

já perto do poente

o cabelo ornado

com invisíveis fios

de ouro

a menina uma

putinha da areia uma

menina deusa

qualquer

inventa a um

simples meneio

dos dedos

um outro sol

e some

rápida

reconvertida

em água

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