ANTIMÍDIA X
Quelle est ma
langue?
Ionesco
GRUNHE
repetindo-se repetindo-se rasura ou réplica de réptil fardos que são palavras
farpas de um animal samsárico (repetindo-se repetindo-se) fanhos replicantes
repousada em úmeros: caveira neanderthal cor de prata sobre fundo negro
(ganchos guinchos repetindo-se) horror social belphagor iniquidade: todo um
catálogo de demônios repetindo-se balam belial asmodeus astaroth
bicos-de-papagaio encurvados lascas de madeira na boca repicadas repicantes
sobre fundo negro letras rúnicas inscritas no crânio antiesfíngicas ruminando
cólera astarté ruminando Deutschland über alles, / Über alles in der Weltbarão
neoliberal bebe urina com os ratos na hora da gárgula na hora vermelha da
gárgula na hora do maçarico quando garotos racistas de São Paulo ateiam fogo na
mendiga refugos de rastilhos de rebotalhos neste açougue onde repartem carne
humana Tíbias são dejetos olhos são dejetos orelhas são dejetos nesta terra de
ninguém que a terra há de comer Caso esfiapasse essa pele caso esfiapasse se
não fosse hidra se não fosse ira se não fosse asco se não fossem imponderáveis
urros no arame da pobre diaba arpejo de pupila em seu desnudamento de planta em
seu desnudamento de carne estirada em ganchos balam belial asmodeus astaroth
todo um catálogo de demônios repetindo-se em guaches em guantes Tudo queimaela
disse Lucidez nenhuma que os dissuadisse nesta terra de ninguém que a terra há
de comer
2014
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