XXIX
esta é a
maneira de sermos brutais,
com a aspereza
de quem
caminha
pelas ruas,
mascando
lascas.
não preciso
dar explicações
com palavras
de madeira,
porque sou
impuro
e espontâneo
como a fera.
esta é minha
sombra magra, confesso,
estes, os meus
passos desordenados.
nenhuma
estrela para definir o dramatismo da noite
ao longo da
jornada,
nem os ramos
de uma árvore
inclinada.
quem considere
imprecisa a descrição,
que escreva o
seu próprio
rascunho,
com a fúria
violeta
do
escaravelho.
sem contar
nove vezes
menos um eco,
sigo minha
jornada bípede,
de energúmeno.
nada aqui faz
sentido para os meus lábios
vociferantes;
e como não
venero
deuses de
esterco,
nem as
clausuras
cíclicas da
história,
sigo andando
com minhas
omoplatas,
minhas axilas,
meu caralho,
minha testa
desenhada
com símbolos
alquímicos,
e um poema
escrito para
ninguém
nas linhas
torcidas
de meus
pulsos.
2009
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