História da Noite
Ao longo de
gerações
os homens
erigiram a noite.
No princípio era
cegueira e sonho
e espinhos que
laceram o pé desnudo
e temor dos
lobos.
Nunca saberemos
quem forjou a palavra
para o intervalo
de sombra
que divide os
dois crepúsculos;
nunca saberemos
em que século foi cifra
do espaço de
estrelas.
Outros
engendraram o mito.
A fizeram mãe das
Parcas tranquilas
que tecem o
destino
e lhe
sacrificaram ovelhas negras
e o galo que profetiza
seu fim.
Doze casas lhe
deram os caldeus;
infinitos mundos,
o Pórtico.
Hexâmetros
latinos a modelaram
e o terror de
Pascal.
Luis de Leon nela
viu a pátria
de sua alma
estremecida.
Agora a sentimos
inesgotável
como um vinho
antigo
e ninguém pode
contemplá-la sem vertigem
e o tempo a
carregou de eternidade.
E pensar que não
existiria
sem esses tênues
instrumentos, os olhos.
Tradução: Claudio
Daniel
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