ESCRITO EM OSSO
I
Fósseis argumentos
Esqueléticas grafias
Autofágica página
Inescrita, devoluta.
*
lepra da língua simulando sêmele.
mão-do-caos
olho-de-treva
um corvo azul irrompe
no poema.
*
Extinção de estrela ou
Mudez do mar.
*
falange deslabiada contradição
entre memória e mundo.
*
Fossem falcões de simetria,
Mas apenas figuras
Espiraladas.
*
palavras desventradas
da cadela, sons fecais
em hinos de desmemória.
*
Pois toda história humana
É um volume fechado
De cíclica desleitura.
*
um corvo azul irrompe
no poema.
*
Essa a letra fosca a peripécia
O motejo expandido
Em espelhismo de lacraias.
II
sou espectro de mim.
*
no extravio das hipóteses,
expansão de territórios
fermentando fêmures
(ruínas de um vocabulário;
escura caligrafia
rasurando crânios).
desfoliante na curva do vento,
onde o leão do labirinto
recifra-se em ecos.
(...)
sou alimária de mim.
*
a mente como um focinho
escavando raízes
no aterro da memória
(palavras são despojos,
o sentido fraturado de tudo:
cegueira inventando cores).
precárias percepções
do caos ensimesmado:
nenhuma música aqui.
(...)
sou descosturado de mim.
*
flagelar os chifres do céu,
catarata-capricórnio
esfumada em carbono
(destrinchar o mapa celeste
com cálculos e equações
até o nada absoluto.)
num ponto qualquer
do planeta, órgãos retirados
de corpos sem autópsia.
Para Wilson Bueno, 2006
(Poema do livro Fera Bifronte, de Claudio Daniel, publicado pela Lumme Editor.)
I
Fósseis argumentos
Esqueléticas grafias
Autofágica página
Inescrita, devoluta.
*
lepra da língua simulando sêmele.
mão-do-caos
olho-de-treva
um corvo azul irrompe
no poema.
*
Extinção de estrela ou
Mudez do mar.
*
falange deslabiada contradição
entre memória e mundo.
*
Fossem falcões de simetria,
Mas apenas figuras
Espiraladas.
*
palavras desventradas
da cadela, sons fecais
em hinos de desmemória.
*
Pois toda história humana
É um volume fechado
De cíclica desleitura.
*
um corvo azul irrompe
no poema.
*
Essa a letra fosca a peripécia
O motejo expandido
Em espelhismo de lacraias.
II
sou espectro de mim.
*
no extravio das hipóteses,
expansão de territórios
fermentando fêmures
(ruínas de um vocabulário;
escura caligrafia
rasurando crânios).
desfoliante na curva do vento,
onde o leão do labirinto
recifra-se em ecos.
(...)
sou alimária de mim.
*
a mente como um focinho
escavando raízes
no aterro da memória
(palavras são despojos,
o sentido fraturado de tudo:
cegueira inventando cores).
precárias percepções
do caos ensimesmado:
nenhuma música aqui.
(...)
sou descosturado de mim.
*
flagelar os chifres do céu,
catarata-capricórnio
esfumada em carbono
(destrinchar o mapa celeste
com cálculos e equações
até o nada absoluto.)
num ponto qualquer
do planeta, órgãos retirados
de corpos sem autópsia.
Para Wilson Bueno, 2006
(Poema do livro Fera Bifronte, de Claudio Daniel, publicado pela Lumme Editor.)
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