AZUL-MARINHO
o som das algas
ondulando a respiração
silenciosa dos peixes — ela deslizava
no sono mais velho que relógios rumo
às cordilheiras marinhas para encontrar
tímpanos ecos de cantigas pálpebras fotografias de entranhas
ATO COMPULSIVO N. 3.008.011.974
o prazer ilícito de partir ossos (mesmo que já um pouco
apodrecidos pela chuva) — as pontas que cercam
seus muros — a dor auto-infligida de abortar o outro,
colocar o outro no centro do palco que se
transfigura em arena para descarnar
a fala
“não me reconheço”
O SEM-NOME
vermelho-laca com grandes brasas por detrás dos olhos,
os cães ouviram o assobio,
o homem ouviu — lhe disseram é o que anda sem os pés,
o que se esgueira por entre as copas de árvores e não
é cobra e virá
encarnado é texto, oração, pensamento,
desencarnado é sangue, suor, frio na espinha, a ameaça
da terra, o chão.
(Poemas do livro Mergulho às avessas. Bauru: Lumme Editor, Selo Caixa Preta, 2008)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
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ResponderExcluirHá braços,
CD
Textos muito bons. Bons mesmo!
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