terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

DOIS POEMAS DE LÍGIA DABUL


PROFISSÃO

O que posso
do máximo:

asa de borboleta e
alfinete
no feltro verde de uma música.

Isso tudo depois da manhã,
mais para o final da tarde.


LACRE

Pó por todos os lados
mas as folhas são
de água dentro. Vai.
No meio de pedras
tem um líquido, então
abre, ele pedia. Não
chove há tempos.
Do viaduto sobe
essa poeira: Abre,
chove agora. Não é de
lama a resina. A peça
delgada, lamelosa,
primeiro. Anda,
até nas pedras tem.
Olha eu mesmo,
ensangüentando.
Pode ser uma flor
molhada - eu disse
assim como um óleo
de freio, para depois
abrir.

(Do livro inédito Nave.)

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