esta é a maneira de sermos brutais,
com a aspereza
de quem caminha
pelas ruas,
mascando lascas.
não preciso dar explicações
com palavras de madeira,
porque sou impuro
e espontâneo
como a fera.
esta é minha sombra magra, confesso,
estes, os meus passos desordenados.
nenhuma estrela para definir o dramatismo da noite
ao longo da jornada,
nem os ramos
de uma árvore inclinada.
quem considere imprecisa a descrição,
que escreva o seu próprio
rascunho,
com a fúria
violeta
do escaravelho.
sem contar nove vezes
menos um eco,
sigo minha jornada bípede,
de energúmeno.
nada aqui faz sentido para os meus lábios
vociferantes;
e como não venero
deuses de esterco,
nem as clausuras
cíclicas da história,
sigo andando
com minhas omoplatas,
minhas axilas,
meu caralho,
minha testa
desenhada
com símbolos alquímicos,
e um poema
escrito para ninguém
nas linhas torcidas
de meus pulsos.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
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Continua manejando bem as palavras magras, como a sombra. Às vezes penso que as palavras, além de terem o peso da pedra, deveriam ser assim magras como a sombra. Pode ser uma boa definição para a linguagem da poesia.
ResponderExcluirAbraços.