a fera há-de chegar com a loucura dos sentidos
e furar as maresias sulfúricas da ausência
há-de chegar
e lamber o bolor inocente da insônia
alimentando-se com ténues sombras de corpos
pressinto veleiros tristes adormecidos na mão
onde derramámos o sobressaltado esperma
a fera
há-de chegar ciciando teu nome de ouro intacto
mostrar-me-á a pelagem fulgurante da tempestade
e com sua dentição de raízes envolverá
a límpida fala em que nos refugiamos
a fera há-de chegar
e nós iremos pelo caminho de ossos iluminados
à procura do amanhecer na longínqua treva do mar
e furar as maresias sulfúricas da ausência
há-de chegar
e lamber o bolor inocente da insônia
alimentando-se com ténues sombras de corpos
pressinto veleiros tristes adormecidos na mão
onde derramámos o sobressaltado esperma
a fera
há-de chegar ciciando teu nome de ouro intacto
mostrar-me-á a pelagem fulgurante da tempestade
e com sua dentição de raízes envolverá
a límpida fala em que nos refugiamos
a fera há-de chegar
e nós iremos pelo caminho de ossos iluminados
à procura do amanhecer na longínqua treva do mar
(Do livro O último coração do sonho, uma “antologia quase pessoal” do poeta português Al Berto. Vila Nova de Famalicão: Quase Edições, 2006.)
... e este livro foi um presente enviado pela poeta-amiga Ana Maria Ramiro, que esteve há poucos meses em Portugal... gracias, muchacha!
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