quinta-feira, 24 de setembro de 2015

OU BARBÁRIE



As ciências humanas tiveram rápido desenvolvimento no início do capitalismo porque a burguesia precisava opor um conhecimento laico à herança cultural da Igreja Católica e da Monarquia, formar novos quadros intelectuais e políticos e criar um outro sistema político e administrativo, a democracia representativa parlamentar, sustentada pelo sufrágio universal dos cidadãos. Entre o final do século XVIII e o final do século XX, inúmeras disciplinas universitárias e ciências surgiram, inclusive para fomentar empregos para jovens e mulheres da pequena burguesia, como os estudos literários, a sociologia, a antropologia. Hoje, não é mais necessário, ao desenvolvimento do capitalismo, essa pluralidade de saberes, nem os direitos sociais conquistados ao longo do século XX, nem mesmo a democracia burguesa: com as vitórias eleitorais da esquerda na América Latina, a própria democracia é vista como contrária aos interesses das elites, que sonham com uma nova sociedade, muito parecida com o que foi o nazifascismo na Europa: uma sociedade altamente hierarquizada, verticalizada, com rígido controle das classes populares pelos capitalistas e a eliminação de qualquer forma de pensamento crítico, seja nas escolas, universidades, seja na vida política e social, seja na internet e nos veículos de comunicação. Nos próximos anos ou décadas, a escolha da humanidade, como dizia Rosa Luxemburgo, será entre o socialismo e a barbárie.

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