Fósforo branco ácido ilumina escombro escárnio nos céus do
Líbano.
Talhos retalhos de torsos retorcidos
ossos negrume carcaças.
Corpos enfileirados peles requeimadas
de carne sucata
nos campos de refugiados
em Sabra e Chatila.
Esta é a hora do morticínio.
Farpas fiapos nacos de membros desmembrados
e o aroma escuro escuro da hora lenta lenta de um dia que
nunca nunca termina.
Nenhum Kaddish para
os filhos da escrava Agar
nenhuma lágrima para Ismael.
Apenas o silêncio de talhos retalhos peles farpas fiapos
e o escuro escuro.
Esta é uma história
exilada da história
que eu e você não devemos saber:
por isso cala o escombro cala o negrume cala a sucata do
morticínio.
É preciso calar
a matraca dos jornais;
sim é preciso fechar os livros fechar para sempre os livros
e condenar os mortos à perene desmemória
(em algum sítio
mefistofáustico
de Tel Aviv
que moveu a macabra máquina da morte
a estrela de David
se converte
em nova suástica).
Porém eu e você não nos calamos
eu e você não iremos esquecer
eu e você somos o cedro do Líbano a oliveira da Palestina
o pão fresco nas mesas da Síria.
Houve aqui uma página infame da história
mas eu e você recusamos o silêncio
recusamos o esquecimento
recusamos o perdão.
Dedicado a Emir Mourad
Dedicado a Emir Mourad
Este é um poema que escrevi em 11/09/2013 para ler no recital
Palestina em poesia, prosa, som, imagem, que será realizado no Club Homs, no
dia 18 de setembro, quarta-feira, a partir das 20h, para relembrar o massacre
nos campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatila, no Líbano, cometido
pelos falangistas libaneses com apoio e participação das forças de ocupação
israelenses, em 1982. No recital, haverá a leitura de poemas de autores
brasileiros e palestinos por Marcelo
Ariel, Khaled
Fayez Mahassen, Claudio Daniel, Lelia
Maria Romero, Rosana
Piccolo, Israel
Azevedo, Celso
Vegro e Célia
Abila
Belo poema, Claudio! Lindo mesmo!
ResponderExcluirMicheliny
Taí, belo poema, escrito com as tripas. Veio de dentro, da medula, do nó na garganta. E tendo sido dedicado ao nosso querido Emir Mourad- que não desgruda do couro da causa- ganha um significado de grande beleza
ResponderExcluirbelíssimo!
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