quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

UM POEMA DE T. S. ELIOT



TERRA ARRUINADA (fragmentos)

Abril é o mês mais cruel, fecundando
Lilases em uma terra morta, misturando
Memória e desejo, agitando
Raízes sombrias com a chuva da primavera.
O Inverno nos aquece, cobrindo
Terra sobre a neve esquecida, alimentando
Uma vida mínima com tubérculos secos.
O Verão nos surpreendeu, vindo sobre Starnbergersee
Em uma pancada de chuva; nós paramos entre as colunas
E atravessamos sob a luz do sol, para Hofgarten,
E bebemos café, e conversamos por um tempo.
Bin gar Keine Russin, stamm’aus Litauen, echt deutsch
E quando éramos crianças, hospedados na casa do arquiduque,
Meu primo, ele me levou de trenó,
E eu estava apavorada. Ele disse, Maria,
Maria, segura firme. E fomos descendo.
Nas montanhas, onde se sente livre.
Eu leio, muito à noite, e vou para o sul no inverno.

            Quais são as raízes que agarram, quais galhos crescem
Desse entulho petrificado? Filho do homem,
Não podes dizer, ou supor, porque apenas conheces
Uma pilha de imagens quebradas, onde o sol bate,
E onde a árvore morta não abriga, o grilo não consola,
E a pedra seca não jorra sua água. Há
Apenas sombra sob essa rocha rubra,
(Venha para baixo da sombra dessa rocha rubra)
E eu te mostrarei algo diferente da
Tua sombra pela manhã alongando-se atrás de ti, ou de
Tua sombra ao entardecer nascendo ao teu encontro

Eu te mostrarei medo em um punhado de pó

                                   Frisch weht der Wind
                                   Der Heimat zu
                                   Mein Irisch Kind
                                    Wo weilest du?

‘Tu me destes jacintos há um ano,
‘Eles me chamavam de menina dos jacintos.’
-  E quando voltamos, tarde, do jardim dos jacintos
Teus braços carregados, teu cabelo úmido, eu não podia
Falar, meus olhos se turvaram, eu não estava
Vivo ou morto, e de nada sabia,
Olhando ao coração da luz, o silêncio.
Oed’ und leer das Meer.

            Madame Sosostris, famosa cartomante,
Esteve muito gripada; não obstante,
É conhecida como a mulher mais sábia da Europa,
Com seu malévolo baralho. Aqui, ela disse,
Está tua carta, o afogado Vendedor Fenício,
(Estas são as pérolas que foram os seus olhos. Veja!)
Aqui está Beladona, a Madona das Rochas,
A senhora das situações.
E aqui o homem das três estacas, e aqui a Roda
E aqui o mercador caolho, e esta carta,
Que está em branco, é algo que ele carrega em suas costas,
Que estou proibida de ver. E eu não encontro
O Enforcado. Tema morte por água.
Eu vejo multidões, andando em círculos.
Obrigada. Se encontrar a querida Sra. Equitone,
Diga a ela que eu mesma levarei o horóscopo:
Devemos ter muito cuidado nesses tempos.

Tradução: Júlia Rodrigues

Leiam a versão integral do poema de Eliot na edição de fevereiro da Zunái, Revista de Poesia e Debates.

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