SERPENTINATA
Já que não desprezo nenhuma
palavra,
encanta-me pergaminho
onde estranhos cães
da fala.
Nuvens de parietais
dizem a lavoura
obsessiva dos cutelos:
excessiva porque necessária,
investe mamífero mamífero
ante o lacerado pêlo púbico
— molusco esse desprezo
que se faz habitação.
A mobilidade das estruturas
aquáticas
desorienta solidez de partículas,
(numeração da língua)
desentranhadas até o
ignorado.
Cresce nas axilas,
nos limbos, cremalherias,
nos estudos para voz:
é o seu inexorável destino.
Antiesquelética nebulosa
redefine o tempo e suas
cavilações
no jogo permutatório
dos contrários.
(Estes são os meus instrumentos,
minhas paisagens estratégicas
para violar tuas orelhas,
tuas cavidades,
que se recusam à minuciosa
cabala de meu olhar.)
(Encanta-me tua letra, esqueleto
de meu canto,
voz que acende estranhos cães.)
A revelação está na língua
que incita ao asbesto da orgia,
à mais temporária das peles,
quando vemos pégasos de outro
sonho
e nossa incapacidade de laçá-los.
2013
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