DO MEU CADERNO DE EXPERIMENTAÇÕES -- CXVI
S/A - I
o porco está além do real: suas tentativas de levitar nos matadouros dentro de uma ideia rosa-bebê, delicadíssima. vejam por vocês: existem bailarinas in natura crescendo no silêncio suíno. quando voam com suas sapatilhas frágeis, as fitas desamarradas e sujas de esterco,
quando voam até as nuvens como pirocópteros. pirulito que voa,
que bate-bate, que já bateu
170 vezes por minuto.
nervos à flor.
o porco está além do real: suas tentativas de levitar nos matadouros dentro de uma ideia rosa-bebê, delicadíssima. vejam por vocês: existem bailarinas in natura crescendo no silêncio suíno. quando voam com suas sapatilhas frágeis, as fitas desamarradas e sujas de esterco,
quando voam até as nuvens como pirocópteros. pirulito que voa,
que bate-bate, que já bateu
170 vezes por minuto.
nervos à flor.
o peso faz os ganchos cederem:
plié, demi plié, grand plié.
*
teus meninos assistem ao show da janela
e dentro de segundos se transformam em tentáculos de uma única fome, uma falta subterrânea. às vezes é possível vê-los orando de joelhos diante do altar onde os anjos deixaram suas dentaduras e sua paisagem de desolações.
(todas as dívidas do mundo.)
*
um cofre em formato de porquinho sobre o criado-mudo. teus meninos economizam semanas, meses, para ter em mãos o último número da playboy — o da capa da bailarina. dias depois, no banheiro, conseguiriam abri-lo sem que ninguém visse
e ali mesmo imaginariam boquetes infinitos. diante de seus corpos negros, de joelhos, uma mulher chupando-os furiosamente
até que voassem.
Obrigada! Sempre bom estar aqui.
ResponderExcluirBeijo,
Mar