sexta-feira, 20 de abril de 2012

UM POEMA DE DIOGO CARDOSO


SETE MICROCANTOS OU BILHETES PARA AUTO-EXÍLIO


I

marechal – centro. vias de pelica

onde nossos pés acreditavam o poema.

nos mentia o lugar

que se falsava acontecimento

II

(era placenta seca o que pisávamos)

III

ruas fendidas, sondadas no enigma

que se nos desfaziam

– habitávamos em silêncio

no que hoje nos tecemos juntos

IV

renda expurgada de seu líquido,

sêmen oco que nos desalojava

gota-a-gota

V

(em você foi primeira a coragem de existir

para fora desse centro estéril, onde

– EM VERDADE –

o poema era acontecimento em nós)

VI

somos abortos, bia, desse ventre árido:

praças de areia, luzes diáfanas,

escombros de casa – que desabitamos. existimos

VII

num lugar espaço

aberto entre

o abraço e o infinito

(Leiam mais poemas do autor na Zunái, na página http://www.revistazunai.com/poemas/diogo_cardoso.htm)

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