Disse-nos a mãe, e os outros disseram: há raparigas que a chuva carrega. E retém-nas na água para onde as carrega. Depois relampeja e morrem. Tornam-se estrelas e a sua aparência muda: tornam-se estrelas. Por isso a mãe nos disse, e os outros disseram: rapariga que é levada pela chuva transforma-se em flor e cresce nas águas. Nós, que nada sabemos, quando as vemos na água, quando as vemos tão lindas, dizemos assim: colherei estas flores que cresceram na água. Não é coisa pouca a sua beleza. Mas a mãe e os outros já nos tinham dito: uma flor assim, se vê que a procuram, mergulha na água. E então nós pensamos: era aqui que estavam, onde estão agora? Não as vemos mais, no sítio em que estavam. Desaparecem, quando as procuramos. Não devemos sequer dar conta delas: esconder-se-ão na água. Por isso a mãe e os outros disseram que não devemos procurar tais flores: são raparigas. Parecem flores por causa da chuva. São as esposas da água. Olhamos para elas mas passamos ao largo. Poderíamos sofrer o que elas sofrem. O cabelo da nossa cabeça será como as nuvens, quando nós morrermos. E quem não souber dirá que são nuvens. Mas nós, que sabemos, ao vê-las diremos: são nuvens de gente, feitas do cabelo das nossas cabeças. Nós quando morremos produzimos nuvens.
(Da tradição oral dos bosquímanos. Tradução do Ruy Duarte de Carvalho.)
Caraca, esta semana eu tô trabalhando um texto com meus alunos que se hama "O marido da Mãe-d'água". Quando tiver um tempinho, transcrevo e compartilho. Esses mitos são bárbaros, né?!
ResponderExcluirUm beijo.