quinta-feira, 14 de maio de 2015

POEMAS DO TAO TE KING, DE LAO ZI


















I

O Tao que pode ser pronunciado 
não é o Tao eterno.
O nome que pode ser proferido 
não é o Nome eterno.
Ao princípio do Céu e da Terra chamo “Não ser”.
À mãe dos seres individuais chamo “Ser”.
Dirigir-se para o “Não ser” leva 
à contemplação da maravilhosa Essência; 
dirigir-se para o Ser leva
à contemplação das limitações espaciais.
Pela origem, ambos são uma coisa só, 
diferindo apenas no nome.
Em sua Unidade, esse Um é mistério.
O mistério dos mistérios 
é o portal por onde entram as maravilhas.


VI

O espírito do vale não morre nunca;
ele é a mulher misteriosa.
A porta da mulher misteriosa 
é a raiz do Céu e da Terra.
Ininterrupta, assim como perpétua, 
ela age sem esforço.


XII

Trinta raios cercam o eixo:
a utilidade do carro consiste no seu nada.
Escava-se a argila para modelar vasos:
a utilidade dos vasos está no seu nada.
Abrem-se portas e janelas para que haja um quarto:
a utilidade do quarto está no seu nada.

Por isso o que existe serve para ser possuído
e o que não existe, para ser útil.


XVIII

Quando se perde o grande Tao,
aparecem a moralidade e o dever.
Quando a inteligência e o saber prosperam,
aparecem as grandes mentiras.
Quando os parentes próximos discordam,
aparecem o dever filial e o amor.
Quando os Estados estão em desordem,
aparecem os funcionários leais.


XLIII

A coisa mais macia da terra
vence a mais dura.
O que não existe penetra até mesmo
no que não tem frestas.
Nisso se reconhece o valor da não-ação.
O ensino sem palavras, o valor da não-ação
são raros os que o conseguem na terra.


Tradução: Margit Martincic

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