quinta-feira, 21 de maio de 2015

OS BUDAS DE BAMIYAN















Lua-cimitarra sobre os budas de pedra em Bamiyan (asa 
sanguínea de grou)
(mandala
com olhos
de tigre)
demolidos
(o deserto,
espelho
de fúrias)
e agora
núpcias
ritmadas
em rasantes
de F-16
(lágrimas
veladas
sob o linho)
(Om vajra
sattva samaya
manu palaya):
diálogo surdo
(línguas-harpias)
entre a loucura
e leviatã
(Vajra bawa
maha samaya
sattva ah
hum phe).
Vestida de ruínas,
a velha cega
ora ao nicho
vazio dos budas.
  
2001

(Poema do livro Figuras metálicas. São Paulo: Perspectiva, 2004)

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