sexta-feira, 20 de março de 2015

LIVRO DOS ORIKIS













TERMINEI DE ESCREVER O LIVRO DOS ORIKIS, com 18 poemas ao todo, cada um dedicado a um orixá: Exu, Iansã, Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá, Omolu, Oxóssi, Nanã, Ewá, Logunedé, Oxumaré, Ossain, Orunmilá, Oxalá, Iroko, Obá e Ibeji. Agora, falta revisar o glossário, que incluí no final do volume, com breves explicações sobre os nomes e palavras em iorubá. Escrevi este livro em menos de dois meses, foi quase uma "possessão", sem fazer nenhuma concessão estética, bem ao contrário: busquei "africanizar" o português e explorar todas as possibilidades de som e imagem, dialogando com os textos orais da tradição iorubá, mas também com os recursos da poesia de vanguarda. Se fui bem-sucedido ou não nesse trabalho, não cabe a mim avaliar, posso dizer apenas uma coisa: senti enorme alegria -- e também enorme angústia -- durante todo o processo criativo. 

O oriki é um poema ritual da tradição nagô-ioruba, cantado até hoje nos terreiros de umbanda e candomblé, celebrando deuses, reis e herois lendários. Quem introduziu o oriki no Brasil foi Antonio Risério em seu belíssimo livro Oriki orixá, publicado pela editora Perspectiva na coleção Signos, dirigida por Haroldo de Campos. Nesse livro, Risério apresenta aos leitores um excelente ensaio crítico e traduções de alguns desses textos orais. Ricardo Aleixo publicou orikis de sua autoria num belo livro, A roda do mundo. Ricardo Corona, Fabiano Calixto e Frederico Barbosa também escreveram bons orikis. Minha pesquisa nesse campo procura manter elementos do oriki tradicional -- os nomes e epítetos dos orixás, seus mitos, atribuições e atributos, com uma visada crítica contemporânea, incorporando temas da situação política e social do país. Todos os poemas que compõem este livro foram escritos entre fevereiro e março de 2015, com exceção do Oriki de Orunmilá, redigido em 2006. As linhas apresentadas em itálico no interior dos poemas são citações de “pontos” cantados nos rituais em diversos terreiros no Brasil. No final do volume, apresentamos um glossário com as palavras em iorubá que aparecem nos poemas.

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