TERMINEI DE
ESCREVER O LIVRO DOS ORIKIS, com 18 poemas ao todo, cada um dedicado a um
orixá: Exu, Iansã, Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá, Omolu, Oxóssi, Nanã, Ewá,
Logunedé, Oxumaré, Ossain, Orunmilá, Oxalá, Iroko, Obá e Ibeji. Agora, falta
revisar o glossário, que incluí no final do volume, com breves explicações
sobre os nomes e palavras em
iorubá. Escrevi este livro em menos de dois meses, foi quase
uma "possessão", sem fazer nenhuma concessão estética, bem ao
contrário: busquei "africanizar" o português
e explorar todas as possibilidades de som e imagem, dialogando com os textos
orais da tradição iorubá, mas também com os recursos da poesia de vanguarda. Se
fui bem-sucedido ou não nesse trabalho, não cabe a mim avaliar, posso dizer
apenas uma coisa: senti enorme alegria -- e também enorme angústia -- durante
todo o processo criativo.
O oriki é um poema ritual da tradição
nagô-ioruba, cantado até hoje nos terreiros de umbanda e candomblé, celebrando deuses,
reis e herois lendários. Quem introduziu o oriki
no Brasil foi Antonio Risério em seu belíssimo livro Oriki orixá, publicado pela editora Perspectiva na coleção Signos,
dirigida por Haroldo de Campos. Nesse livro, Risério apresenta aos leitores um excelente
ensaio crítico e traduções de alguns desses textos orais. Ricardo Aleixo
publicou orikis de sua autoria num belo livro, A roda do mundo. Ricardo
Corona, Fabiano Calixto e Frederico
Barbosa também escreveram bons orikis. Minha pesquisa nesse campo procura manter elementos do oriki tradicional -- os nomes e epítetos
dos orixás, seus mitos, atribuições e atributos, com uma visada crítica contemporânea,
incorporando temas da situação política e social do país. Todos os poemas que
compõem este livro foram escritos entre fevereiro e março de 2015, com exceção
do Oriki de Orunmilá, redigido em 2006. As linhas apresentadas em itálico no
interior dos poemas são citações de “pontos” cantados nos rituais em diversos
terreiros no Brasil. No final do volume, apresentamos um glossário com as
palavras em iorubá que aparecem nos poemas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário