segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

UM POEMA DE HAROLDO DE CAMPOS



IOLE DE FREITAS

asas invasoras assaltam o museu
asas com tentáculos de arame cobre latão
asas que se transformam em velários
em chapas de escarlate
em redes para invisíveis borboletas
e avançam
seus tegumentos perfuram paredes
dardejam pontas iridescentes
atravessam janelas
farfalham ao redor da
fiação elétrica penduram-se
como cipós-ectoplasmas dos
postes de luz:
iole passou por aqui
com seu séqüito de
retículas platinadas
e imprimiu em tudo
seu toque talismânico

(Do livro Entremilênios. São Paulo:Perspectiva, 2009)

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