CENA
o ar queima
o mar arde
borboletas
cospem larvas
dragões vomitam
infernos
universos
sóis implodem
silêncio
uma mulher
se despe
se masturba
da vulva
às
vísceras
TENTAÇÃO
metais
elípticos
entre pêlos
de tigres
espinhos
venenos
facas afiadas
fio por fio
no rosto
da amada
faces que
falecem
rastros de
urânio em
explosão
rastros de
um crânio
supernovas
na terra
fendas es
feras aves
saindo e
entrando
ilusões de
um lagarto
no oceano
PEDRA
é uma pedra
mas maquie-a aborígine
e a vista com tecidos
ósseos musculares epiteliais
e com lã e seda e cetim
deixe que ela ultrapasse
a forma do casulo e do caracol
mais do que um molde ou fantoche
dê a ela uma vida postiça
alfabetize-a andrógina e lasciva
faça disso um exercício físico
contudo ela é seca – frígida –
hostil
e se esquiva: sua origem mineral
quer ser definida pelo tempo
ela quer ser terra, areia
e alheia nada revela
ela se recompõe
é uma pedra
APETITE
com uma arraia
tatuada em suas costas
(invadindo talvez
seus órgãos
e suas costelas)
com um olho místico
tatuado em seu púbis
com seus olhos de gato
com sua epiderme
deserto ela me diz
que fabricamos feras
sem saber que abortei
sua gravidez apocalipse
delicadamente usei faca e garfo
que atravessaram o parto
em seu ventre prato
com seus pêlos pubianos
com suas pálpebras
com seus poros
estéril ela me diz
que fabricamos feras
sem saber que abortei
sua gravidez apocalipse
e alimentaria essas feras
com suas cinzas
e lembranças
(mas agora
assexuadas
acéfalas
elas se fabricam
anômalas)
latejante ela me diz
que fabricamos feras
teia que consome
a aranha
LONTRA
sem saber ela
inicia seus jogos
(primeiro
no seu andar
dança
enigmas
depois
no seu infinito
dança
enigmas)
me lanço
- náufrago -
no encantamento
fulgor
- fogo -
onírico
que tatua o
pensar
música no
crepúsculo
de tudo
máscaras
esfinge
- efígie -
nô - non
sense
Fã de Nicollas Ranieri!! Amigo pra todos os momentos, principalmente para o momento do café com Literatura! rsrs
ResponderExcluirBelos poemas.
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