terça-feira, 27 de novembro de 2012

POEMAS DE JOANA CORONA



biblioteca queimada -
a silhueta dos livros na parede, um rumor
na memória e depois do incêndio:
fuligem, negrume, pó e
silêncio
no chão, incógnito:
um labirinto de vidros quebrados
intransponível
senão pelo olhar,
estilhaço translúcido

espaço-esquecimento, de
sombra e luz



um rastro, um rasto, um vulto
pensar em não ver
o que não é imagem

os óculos embaçados do café
a neblina ofuscando um princípio
de dia, pela janela
um gesto qualquer de invisibilidade

sombra, eco, um pequeno
traço esboçado no ar,
uma existência

  
constelação
de não ditos, nuvens, pontos cegos e
mudos, mutações

um pacto de amor
uma contravenção
morte: a nossa, prolongada,
morrendo um no outro

é bom estar no mar
silencio contigo
na água, na areia, no deserto, no dia ensolarado
de janeiro

ficamos a sós
ficamos sós e calamos
diante do nada

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