biblioteca queimada -
a
silhueta dos livros na parede, um rumor
na
memória e depois do incêndio:
fuligem,
negrume, pó e
silêncio
no
chão, incógnito:
um labirinto de vidros quebrados
intransponível
senão
pelo olhar,
estilhaço
translúcido
espaço-esquecimento,
de
sombra
e luz
um
rastro, um rasto, um vulto
pensar em não ver
o que
não é imagem
os
óculos embaçados do café
a
neblina ofuscando um princípio
de
dia, pela janela
um
gesto qualquer de invisibilidade
sombra,
eco, um pequeno
traço
esboçado no ar,
uma
existência
constelação
de
não ditos, nuvens, pontos cegos e
mudos,
mutações
um
pacto de amor
uma
contravenção
morte:
a nossa, prolongada,
morrendo
um no outro
é bom estar no mar
silencio
contigo
na
água, na areia, no deserto, no dia ensolarado
de
janeiro
ficamos
a sós
ficamos
sós e calamos
diante
do nada
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