LUNARES LEONINOS
Estarei sempre-viva.
Cultuo esta solidão que laçam,
Mais um palco para o sol.
Tenho leões
Mesmo adormecidos
Rugem-me evangelhos
Como músicas empoeiradas
Sarapintadas,
letras panteras deslizantes
no livro manuseado.
Os leopardos sonâmbulos.
Passo-signo.
Leituras que nos caçam
a dinastia extinta.
Incansável realeza
Indestrutível ronda
Estou sempre-viva
Mesmo adormecida.
Espreito o que me espreitam.
Nada me descreve. Antes, eu.
E tu, e os topázios.
Aquilo que tenho e que só,
tu alcanças.
Aquilo que tens e que só,
eu alcanço.
Rugidos e extratos-feras.
Enquanto adormecem
sob nossos calcanhares:
galanteio, vaia, devoção.
MUSA CEGA
Atravesso a imagem da pedra
Imbuída e lenta de obsidiana
Forças tectônicas me ascendem
E sou a devastação
para sepultar-me
no dom da palavra santa
Bebo tua voz
E sou o sal
Meu sangue metálico, a pedra
do oratório
Não há vida minha
Sem o verbo teu
terra
meu êxodo sideral
canta em mim como a carne crua de um meteroro
PARA FAZER PONTAS DE FLECHAS
Mineralizar a lágrima
Fazer-se rútilo
Vibrar além da tua sangria
Pelas ervas, pelas especiarias
Com a estatura do musgo,
dos fermentos,
do sedimento
Como se os deuses me dessem as mãos, interiormente.
A amálgama fria volatiliza-se
Não pela tua eloqüência vulcânica, tua chegada ou partida.
O ourives é a atmosfera magnetizada
Ao teu redor
Quando os deuses vibram dentro de tua garra.
HÁ UM HOMEM CORTADO EM DOIS PELA JANELA
Hosana para este
Que atravessa carnes e estátuas mornas
Para este
Dos campos iridescentes
De frutos e raízes em caduceu
Que atravessa nomes
E nos responde
Trêmulo átimo
Dos campos magnéticos
O belo insone dos campos magnéticos
Iridescente
Hosana
em suas pegadas de carvão salpicado
Adorei!Certeiro,lindas paisagens na sua poesia!Parabéns!
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