sexta-feira, 23 de setembro de 2011

POEMAS DE NESTOR PERLONGHER (II)


ÁGUAS AÉREAS


(fragmento XXI)


O JOGO DO CLARO-ESCURO na folhagem largada, como um decalque, estampava de ramalhetes pontilhistas a oscilação das marombas. Havia o perigo da grande serpente fluvial, a ameaça sombria da raia, o sorriso desconfiado dos jacarés e a roída sombra da tartaruga ao submergir entre os sulcos alvoroçados. Tudo tão leve e ao mesmo tempo tão quente, tão exausto. Nos amolece com sua imensidão o céu como um casaco celeste inspirado em Femirama21. Uma sutil feminilidade cinzela com delicadeza os corpos trabalhados (com tachas) dos que remam e seus gestos ágeis como panteras no maconhal. Não é fácil abstrair-se no celeste quando estas superfícies bronzeadas nos deslumbram com seu acento de canto. Sem dúvida, estende-se ao sublime, sublime resplendor.

FORMAS BARROCAS

As volutas dos anteparos mineralizam a desordem dos volumes voluptuosos, em claro-escuros de vibrações. Passa uma sombra pela cascata artificial.


Tradução: Claudio Daniel

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