DIFRAÇÃO
Difração é o tempo em que viajamos entre palavras e coisas, memórias e ressentimentos. Nossos focinhos avançam para além dos retratos e nada encontramos além de fungos, fiapos, fêmures.
(Do Dicionário Pessoal de Bolso, I)
SOMBRA (I)
Mortos habitam meu poema. Defraudam a sombra. Esqueletos do nunca, mastigam cada palavra, depois lambem os ossos.
(Entre as pálpebras, cuándo, mi señora?)
SOMBRA (II)
Paul Celan veio aqui, fumou um cigarro, depois jogou-se no rio Sena.
(Paris, a cidade das luzes)
VOLUME, COR
Navega-me, hidrófoba, acende linhas e planos, com a paleta da língua; coxas expandem-se, laboriosas, quando tudo é pele, volume e cor, quando tudo é estrondo.
(Do Diário Sentimental)
DUAS IRMÃS
Mordiam-se nos mamilos, durante o banho; unhavam-se, lambiam-se, como gatas.
(Ao sul do Equador)
DISPERSÃO
Dispersão é o tempo em que répteis assistem a noticiários de TV enquanto garotos primitivos como as flores saqueiam supermercados e os incendeiam.
(Do Dicionário Pessoal de Bolso, II)
PROFECIA
Quando chegar a Mulher Toda Nua, com a sua pose criselefantina, o poeta dirá as coisas mais terríveis; tirará dos bolsos as cartas dos quatro naipes e exigirá um Sentido que não seja o da mera trama do acaso, mas ela rirá de sua face nervurada e o pisará com o mais puro desprezo.
(Do Livro das Profecias )
Eu particular mente gosto de todos mas esse me toma a atenção SOMBRA (II)
ResponderExcluirPaul Celan veio aqui, fumou um cigarro, depois jogou-se no rio Sena.
beijos
Tanya cabeza!
CD, ma-ra-vi-lhas na sua eterna ilha... Gosto demais dos seus poemas!!! Bj.
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