quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ESQUELETOS DO NUNCA (I)


INFÂNCIA



Caveira de macaco com rubis nas órbitas. Reprodução de mapa do século XVI. Estátuas dos sete sábios da China. Espátula de bronze na forma de demônio. Brinquedos de infância.

(Moema, s/d)


DOMINGO

Vitrais; estátua africana; cúpula-cogumelo; o cheiro do cachimbo; voz monótona; fatias de alcatra; um pão sem gosto de nada; relógio de pulso; imobilidade; súbito, enormes tetas brancas, sob o decote verde.

(Casa do Quem?, 1972)



PAI

Pele fina como folha de papel. Grossas veias. Dedos amputados, barba por fazer. Um sorriso implorando pela desmemoria.

(Hospital, 2005)


?

Esfiapasse até a ruptura, quando os dragões vivos.

(Destempo, desespaço)


FIBRA

Drenavam seus fluidos, não sua fúria.

(Terra do Não, s/d)


BILHETE


Madame La Mort passou por aqui.

(Allemonde, s/d.)


(Poemas inéditos de Claudio Daniel, para o livro Esqueletos do Nunca.)

Um comentário:

  1. .quero ouvir o canto dos ossos neste livro! estão soberbos estes poemas.

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