quarta-feira, 27 de abril de 2011

UM SONETO DE PETRARCA

Não tenho paz nem posso fazer guerra;
Temo e espero e do ardor ao gelo passo
E voo para o céu e desço à terra;
E nada aperto e todo o mundo abraço.

Prisão que nem se fecha ou se descerra,
Nem me retém nem solta o duro laço,
Entre livre e submissa esta alma erra,
Nem é morto nem vivo o corpo lasso.

Vejo sem olhos, grito sem ter voz;
E sonho perecer e ajuda imploro;
A mim odeio e a outrem amo após.

Sustento-me de dor e rindo choro;
A morte como a vida enfim deploro:
E neste estado sou, Dama, por vós.

Tradução: Jamil Almansur Haddad

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