quinta-feira, 28 de abril de 2011

RECADO DO ADEMIR ASSUNÇÃO


CADÊ A BOLSA FUNARTE DE CRIAÇÃO LITERÁRIA?

Ano passado, o edital da Bolsa Funarte de Criação Literária foi lançado no dia 12 de abril. Estamos quase fechando o mês e até agora ninguém do Ministério da Cultura falou absolutamente nada sobre a edição deste ano. As informações que chegaram até agora é que todas as ações ligadas à literatura, livro e leitura, vão ser centralizadas na Biblioteca Nacional. Uhn, sei não. Discussão de criação literária junto com mercado editorial é sempre muito complicada. Os interesses não são os mesmos. Por experiência, já deu pra perceber: há aqueles que amam o conhecimento, a literatura (em seu sentido amplo) e há aqueles que amam o dinheiro. Se bobearem, os escritores correm o risco de perder o pouquinho que conseguiram até agora. Se liga, rapaziada. (Publicado no site Espelunca, do Ademir Assunção, http://zonabranca.blog.uol.com.br/.)

2 comentários:

  1. Triste saber que o mercado nos ronda. O mercado é maior.

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  2. a própria BN já tinha seus programas de apoio à obras literárias, com a centralização desse poder será que todas as bolsas permanecerão, digo, as antigas bolsas da BN? creio que isso acabe, se é que vai rolar a "bolsa funarte", em redução dos incentivos à literatura que eles não aturam... será que é realmente importante investir somente em cinema, porque ao audiovisual não faltam incentivos? será que é tão importante competir culturalmente com os EE.UU. nos termos deles, i.e., o cinema? essa é uma atitude verdadeiramente legítima de afirmação da nacionalidade brasileira?

    e esse é o menor dos problemas, vejo eu: o maior se concentra sobre a linguagem da literatura atual (e nisso nem penso muito em poesia pq a situação dessa prima é sempre precária) e do cinema também: qual é o papel que as instituições diretamente financiadoras do cinema e da literatura têm na escolha do tipo de arte que se faz? explico melhor: vejo uma tendência demasiadamente enfadonha na produção de romances e filmes de caráter realista e regionalista (falando de regionalismo em lato sensu), em que a violência e marginalização das minorias é o principal motivo; isto acontece sobretudo no cinema (morte ao cinema novo!). machado já fez o melhor do realismo; rosa já fez o melhor do regionalismo!!! porque bater na mesma tecla sempre? essa é a linguagem do nosso tempo? é preciso, ainda hoje, usar a arte como instrumento de revolução, mesmo num país de democracia instituída (não digo ideal!)? e porque que quando se foge desse prisma clichê se fala sempre da mesma forma pueril e vazia do resto? porque o gênero fantástico é relegado aos best-sellers infanto-juvenis? o que há de errado com o sonho? e voltando ao assunto: qual é o papel das instituições mencionadas na escolha de obras desses gêneros? assim como eu, um autor assumidamente fantástico, existem muitos outros! o país é muito grande; pq esses não são apoiados? nós temos que usar uma linguagem dos outros? pq só os modernistas e depois os concretistas tiveram a real coragem de inventar um modo de fazer brasileiro? os outros autores da américa latina se aventuram em outras linguagens e afirmam uma cultura nacional.

    penso, decididamente, que instituições como a BN e a Funarte não deviam ser patrocinadoras de um modelo de pensamento da arte e da linguagem típicos da ABL, deviam, sim, apoiar as mais variadas formas de expressão dos nossos autores, inclusive o realismo (do qual não tenho nada contra, essencialmente, só enche o saco a repetição, e eu diria o mesmo se fosse o fantástico no lugar).

    enfim,
    desa(baf)bei.


    f.f.

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