terça-feira, 30 de dezembro de 2014

RESUMO DE TUDO



 











Caros, 2014 foi um ano intenso, de importantes conquistas e transformações. A Copa do Mundo foi realizada com sucesso, trouxe investimentos para obras de infra-estrutura e mobilidade urbana, gerou milhares de empregos diretos e indiretos, estimulou o turismo e o comércio -- apesar da derrota de 7 a 1 para a Alemanha. O Brasil reelegeu Dilma Rousseff para a presidência da república, na quarta derrota consecutiva da mídia e do capital financeiro, apesar de sofrer uma campanha de difamação em todos os jornais de circulação diária do país (que pertencem a seis famílias de capitalistas midiáticos). Esta vitória se soma à de Evo Morales na Bolívia, Michelle Bachelet no Chile e Tabaré Vásquez no Uruguai. A América Latina reafirma o seu projeto de desenvolvimento autônomo com justiça social, cuja maior expressão, no campo da cooperação econômica, é o Mercosul, e no campo diplomático, a Unasul e a Celac (há exatos 12 anos a antiga OEA não é sequer mencionada na mídia, assim como o FMI). Os Estados Unidos, constatando o seu isolamento no continente, restabelecem relações diplomáticas com Cuba, em evidente tentativa de se contrapor à influência de Rússia e China na região (só se esqueceram de combinar o jogo antes com Raul Castro, que não é bobo).

Os BRICs realizaram um importante encontro que aprova a criação de um banco internacional, que em futuro próximo pode colocar em xeque o dólar como moeda comercial entre as nações e a atual ordem financeira, em uma nova correlação de forças – lembremos que a China já é a maior economia do planeta.  Acordos de cooperação bilateral realizados entre Rússia e China já apontam nessa direção, sobretudo no que diz respeito à distribuição e comercialização do gás. A Rússia retoma a agenda da antiga União Soviética no campo das relações internacionais e assina tratados de cooperação econômica e militar com Cuba, Nicarágua, Venezuela, Síria, Irã, Vietnã e Coréia do Norte. O imperialismo não assiste ao novo quadro político passivamente: fomenta o golpe de estado pró-nazista na Ucrânia, numa tentativa (infrutífera) de desestabilização da Rússia e estimula provocações em Hong Kong.

No Oriente Médio, os mercenários islâmicos patrocinados pelo Ocidente prosseguem em sua tentativa de destruição da Síria e do Iraque, situação que deve continuar nos próximos anos, com um custo elevado de mortes entre a população civil e as consequências inevitáveis da guerra – fome, miséria, doenças e o crescente número de refugiados para as nações vizinhas.

A entidade sionista invadiu novamente a Faixa de Gaza, numa operação militar cujo objetivo político era o de inviabilizar a unidade entre o Hamás e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e enfraquecer as lideranças desse heroico povo. A agressão custou dois mil mortos aos palestinos, em sua maioria civis, e a destruição de centenas de casas, hospitais, escolas, centrais elétricas, estradas, lojas, indústrias e da infra-estrutura hidráulica e de saneamento na Faixa de Gaza. Em todo o mundo, são realizadas grandes passeatas de protesto contra a agressão sionista e em São Paulo é realizada a I Semana e Fórum de Solidariedade ao Povo Palestino, do qual tive a honra de ser um dos organizadores. Do ponto de vista político, Israel saiu derrotada em sua guerra de rapina: não conseguiu minar a aproximação entre as principais lideranças e facções palestinas e o Parlamento Europeu reconheceu a Palestina como Estado, uma grande vitória diplomática da ANP.

Em 2015, é provável que aumente a tensão política internacional, com ações mais violentas do imperialismo, na tentativa desesperada de evitar ou adiar a sua inexorável derrocada. No Brasil, as forças da direita, inconsoláveis com a derrota de Aécio Neves e Marina Silva, criarão toda sorte de dificuldades para que Dilma tenha condições de governar. Já realizaram passeatas ridículas pelo impeachment da presidente em São Paulo – reunindo não mais de cinco mil pessoas, num estado com 44 milhões de habitantes –, fizeram propaganda do golpe militar (algo anacrônico na atual conjuntura política), criaram lobby para que o Judiciário não aprovasse as contas da campanha de Dilma, para que não fosse diplomada (nova e fragorosa derrota) e agora articulam no Congresso Nacional a candidatura de Eduardo Cunha, do PMDB (mas da ala oposicionista) para a liderança da Câmara Federal, com o objetivo de dificultar a aprovação de projetos do interesse do Executivo. Dilma, com sabedoria, soube vencer todas essas batalhas, nomeando um ministério que contempla os vários partidos que integram sua coligação, para garantir a maioria parlamentar e a governabilidade – apesar do mi-mi-mi da “esquerda festiva” (PSOL, PSTU). Com certeza, teremos novas e importantes batalhas políticas pela frente, pela reforma política, regulamentação da mídia, redução da jornada de trabalho, reforma agrária, para as quais é essencial a mobilização popular nas ruas e a formação de uma frente de esquerda unindo as centrais sindicais, entidades estudantis, MST, MTST e outros movimentos sociais. 2015 será um ano de fortes emoções.



RESUMO DE MIM

Muita coisa aconteceu em 2014 em minha vida pessoal. Recebi o título de doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo, após defender tese sobre o tema “A recepção da literatura japonesa em Portugal”, concluindo um percurso de sete anos, em que cursei o mestrado e o doutorado nessa instituição. Fui afastado do Centro Cultural São Paulo, por motivos políticos (o ex-diretor era tucano), concluindo uma gestão de quatro anos à frente da Curadoria de Literatura e Poesia do CCSP, em que criei atividades periódicas de divulgação literária como os recitais do ciclo Poesia dos 4 Cantos, o programa de rádio web Poesia pra tocar no rádio e a coleção de plaquetes Poesia Viva, com tiragens de 2 mil exemplares e distribuição gratuita ao público. A última atividade que realizei no CCSP foi o Festival Poesia Nova, dedicado à pesquisa de novas linguagens poéticas, que contou com a participação de E. M. de Melo e Castro, Lúcio Agra, Marcelo Sahea, Elson Fróes, Nina Rizzi Omar Khouri, Edson Cruz, Paulo Hartmann, entre outros poetas, músicos e estudiosos. Ingressei na Subprefeitura da Sé, como coordenador de cultura, lecionei, por dois semestres, literatura portuguesa na UNIP e mantive a militância política no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), no Comitê pelo Estado da Palestina Já e a colaboração mensal na revista CULT, onde assino a coluna RETRATO DO ARTISTA, dedicada à nova poesia brasileira. Prossigo o trabalho de edição da Zunái, Revista de Poesia e Debates, que comemorou dez anos de circulação no ciberespaço, e nas horas vagas (!) atualizo o blog Cantar a Pele de Lontra. Publiquei alguns livros em 2014 – as antologias Poemas para a Palestina (editora Patuá) e El ornittorinco naranja (Lumme Editor) e ainda a edição mexicana de meu segundo livro de poemas, Yumê, com tradução para o espanhol de Victor Sosa. Iniciei a redação de Cadernos bestiais, meu futuro livro de poemas, reflexão crítico-poética sobre a época em que nós vivemos. Amei, desamei. Agora, estou pronto para as batalhas de 2015. 

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