JAMAIS
Para Fabrício Slaviero
bichos
de verde-muco proliferam
nos
entalhes do tapume;
antiaranhas
deslizam
nas
ramagens,
tramam
teias e resíduos
de
uma dor vermelha,
recíproca.
há
um plasma em cada fenda,
em
cada vão
de
madeira apodrecida.
há
um acre açafrão
em
cada veio
do
reboco, com seu ácido.
tateiam
algo, quem, aqui –
ou
apenas arrulhos, crostas, escaras,
ninguém
com óculos de aro fino,
breve
gravata lilás e uma refinadíssima
sensibilidade
no olfato; não, ninguém,
nunca
houve, jamais.
2014
ARAMES,
RETALHOS
esqueletos
do nunca
onde o áspero da palavra,
brutais de dezembro.
porque esta não é a minha língua:
retorcidos de mistério,
caranguejo onagro.
onde se desdobra a pedra, onde se
desdobra o nojo desse nunca,
que se anuncia indesejoso:
são palavras em seu verde, em seu asco;
são vértebras de escárnio,
entulhos-de-orelhas à procura da mulher-dos-gatos.
porque nada faz sentido, eu sei,
neste reverso em que me falas,
primitiva, reverberante,
com a nudez que me calam os arames, os retalhos;
com a nudez de um estuque de plantas,
ruidosa, em expansão — e só me resta confessar
os fumos de aranha, inconcluso,
quando indagas sobre o meu labirinto.
onde o áspero da palavra,
brutais de dezembro.
porque esta não é a minha língua:
retorcidos de mistério,
caranguejo onagro.
onde se desdobra a pedra, onde se
desdobra o nojo desse nunca,
que se anuncia indesejoso:
são palavras em seu verde, em seu asco;
são vértebras de escárnio,
entulhos-de-orelhas à procura da mulher-dos-gatos.
porque nada faz sentido, eu sei,
neste reverso em que me falas,
primitiva, reverberante,
com a nudez que me calam os arames, os retalhos;
com a nudez de um estuque de plantas,
ruidosa, em expansão — e só me resta confessar
os fumos de aranha, inconcluso,
quando indagas sobre o meu labirinto.
2011
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