LABORATÓRIO DO OUVIDO
Para Dziga-Vertov[1]
relampagueia
cirro-borrifo
nas ramagens //
caule requeimado
azul-ferrete
cemitério da lua //
espectrar lupino
arroxeado
assombra-cães //
misterioso
repactuado
escarabídeo //
formigas
avançam
no esterco //
lunares
arrefecem
nos buritis //
tentaculoso
remorde-se
enigma-de-ecos //
ventos desfolham
flores vermelhas
de cupuaçu //
igarapés
olhos-centúrias
medusa-das-águas //
escoiceadas
despossuídas
despossuídas
de tudo
2014
[1]
Poema pensado como se fosse um breve documentário de Dziga-Vertov (“cine-olho”)
sobre a floresta amazônica.
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