FIM DO MUNDO
À memória de Jakob van Hoddis
Loba ensandecida rumina vermes de
escuro escárnio.
Alguém-ninguém atravessa a rua
e em todos os cantos
ouvem-se gritos
feito guinchos
de um porco amarelo.
Cai um aguaceiro
na cidade esquálida
e os bairros alagados atingem as estrelas.
Banqueiros obesos caem do telhado
e se despedaçam.
Numa placa de rua,
lemos: cuidado.
Quase todos têm secreções nasais;
os ônibus correm nas avenidas
a toda velocidade,
entram nos viadutos
e se chocam contra as paredes.
Alguém-ninguém atravessa a rua
e em todos os cantos
ouvem-se gritos
feito guinchos
de um porco amarelo.
Cai um aguaceiro
na cidade esquálida
e os bairros alagados atingem as estrelas.
Banqueiros obesos caem do telhado
e se despedaçam.
Numa placa de rua,
lemos: cuidado.
Quase todos têm secreções nasais;
os ônibus correm nas avenidas
a toda velocidade,
entram nos viadutos
e se chocam contra as paredes.
Todas as
palavras não são mais que uma superfície de cacos de vidro à entrada de uma
cidade maldita.
2014
PAISAGEM
Árvores saqueiam o arco-íris.
Três banqueiros atiram-se
ao rio e morrem afogados.
ao rio e morrem afogados.
Nuvens piscam o
olho para o sol,
que enfurece os dentes-de-leão.
que enfurece os dentes-de-leão.
Ninguém me
oferece uma estrela.
Quando eu
morrer, me enterrem
na tua voz.
na tua voz.
2014
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