ORIKI DE EXU
Lagunã corrige o corcunda.
Faz crescer a lepra do leproso.
Põe pimenta no cu do curioso.
Legbá ensina cobra a cantar.
Entorta aquilo que é reto,
endireita aquilo que é curvo.
Exu Melekê — o desordeiro
faz a noite virar dia e o dia
virar noite. Surra com açoite
o colunista da revista. Cega
o olho grande do tucano —
e zomba do piolho caolho.
Ibarabô vai-vem-revém.
Quente quente é a aguardente
do delinquente. Elegbará
com seu porrete potente
quebra todos os dentes
do entreguista privatista.
Bará tem falo de elefante.
É o farsante dos farsantes:
fode a mulher do deputado
hoje – e faz o filho ontem.
Agbô confunde o viajante
e o faz perder a sua rota.
Bará Melekê compra azeite
no mercado — e o leva na peneira
sem derramar uma gota.
Larôye Exu! O desalmado
soma pedras e perdas na sina
do condenado. Sete Caveiras:
que seja suave minha sina
neste mundo tão contrariado.
Que seja suave – Larôye Exu!
ORIKI DE OXUM
Para Déa Lyrio
fêmea-das-águas
fêmea-das-águas
senhora do ijexá
dona das danças
desliza no vento
oxum ibu anyá:
ouve meu lamento
senhora da brisa
atende meu intento
sábia òbò mèjá
púbis-pensamento
que fere com ferro
e cura o ferimento
com ofá e abebé
varre meu tormento
mãe de logunedé
vem neste momento:
ifá de bom agouro
não se contradiz
moça-verde-ouro
quero a flor-de-lis
moça-verde-ouro
dê-me quem eu quis
moça-verde-ouro
se acaso consentis
moça-verde-ouro
sem manha ou ardis
moça-verde-ouro
ao feroz fará feliz
moça-verde-ouro
ekiti efon-imperatriz
Ora iê iê ô!
2015
ORIKI DE ORUNMILÁ
filho de olorum,
ibá olodumaré.
senhor do ifá,
sabe nomes
e caminhos.
ibá orunmilá
sabe todos
os destinos.
eliri ipin
cuida de mim
em meus
descaminhos.
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