“A supremacia do capital financeiro sobre todas as outras formas do capital significa a hegemonia dos que vivem dos rendimentos e do oligarca financeiro; significa uma situação privilegiada de um pequeno número de estados financeiramente poderosos em relação a todos os outros.”
“O que caracterizava o antigo
capitalismo, onde reinava a livre concorrência, era a exportação de
mercadorias. O que caracteriza o capitalismo atual, onde reinam os monopólios,
é a exportação de capitais.”
“O capital financeiro criou os
monopólios. Ora, os monopólios introduzem os seus métodos em toda parte: no
mercado público a concorrência é substituída pela utilização de ‘relações’ com
vista à obtenção de transações vantajosas. Antes da concessão de um empréstimo,
é vulgar exigir que ele seja utilizado, em parte, na compra de produtos ao país
mutuante, sobretudo em encomendas de armamentos, de barcos etc. A França, no
decurso destes últimos vinte anos (1890-1910), recorreu frequentemente a este
processo. Deste modo, a exportação de capitais torna-se um meio de fomentar a
exportação de mercadorias.”
“Os países exportadores de
capitais partilharam (no sentido figurado da palavra) o mundo entre si. Mas o
capital financeiro conduziu também à partilha direta do globo.”
“Antes de mais, os grupos de
monopólios capitalistas – cartéis, sindicatos, trustes – partilham o mercado
interno entre si, assegurando-se da posse, mais ou menos absoluta, de toda a
produção do seu país. Porém, em regime capitalista, o mercado interno liga-se
necessariamente ao mercado externo. E, à medida que aumentava a exportação de
capitais e se ampliavam, por todas as formas, as relações com o estrangeiro e
com as colônias, assim como as ‘zonas de influência’ dos maiores grupos
monopolistas, as coisas encaminhavam-se ‘naturalmente’ para um acordo universal
entre estes último, para a formação de cartéis internacionais.”
“A época do capitalismo moderno
mostra-nos que entre os grupos capitalistas se estabelecem certas relações
baseadas sobre a partilha econômica do mundo e que, paralela e
consequentemente, se estabeleceram entre os grupos políticos, entre os estados,
relações baseadas na partilha territorial do mundo, na luta pelas colônias, na
‘luta pelos territórios econômicos’.”
“O que caracteriza
particularmente o capitalismo atual é o domínio dos grupos monopolistas
constituídos por grandes empresários. Estes monopólios tornam-se sólidos
sobretudo quando reúnem apenas em suas mãos todas as fontes de matérias-primas
e nós vimos com que ardor os grupos monopolistas internacionais dirigem os seus
esforços no sentido de arrancarem ao adversário toda a possibilidade de
concorrência, de se apoderarem, por exemplo, das jazidas de ferro ou de
petróleo etc. Somente a posse de colônias dá ao monopólio completas garantias
de sucesso face a todas as eventualidades da luta contra os seus rivais, mesmo
na hipótese de estes últimos ousarem defender-se com uma lei que estabeleça o
monopólio de Estado. Quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais se faz
sentir a falta de matérias-primas, mais dura se torna a concorrência e a
procura de fontes de matérias-primas no mundo inteiro e mais brutal é a luta pela
posse de colônias.”
“Se tivéssemos de definir o
imperialismo da forma mais breve possível, diríamos que ele é a fase
monopolista do capitalismo. Esta definição englobaria o essencial, porque, por
um lado, o capital financeiro é o resultado da fusão do capital de alguns
grandes bancos monopolistas com o capital de grupos monopolistas de
industriais; e, por outro lado, porque a partilha do mundo é a transição da
política colonial que se estende sem obstáculos às regiões ainda não
apropriadas por qualquer potência capitalista, para a política colonial da
posse monopolizada de territórios de um globo inteiramente partilhado.”
“Devemos dar uma definição do
imperialismo que englobe os seguintes cinco caracteres fundamentais:
1) concentração da produção e do
capital atingindo um grau de desenvolvimento tão elevado que origina os
monopólios cujo papel é decisivo na vida econômica;
2) fusão do capital bancário e do
capital industrial, e criação, com base nesse ‘capital financeiro’, de uma
oligarquia financeira;
3) diferentemente da exportação
de mercadorias, a exportação de capitais assume uma importância muito
particular;
4) formação de uniões
internacionais monopolistas de capitalistas que partilham o mundo entre si;
5) termo da partilha territorial
do globo entre as maiores potências capitalistas.”
“Monopólios, oligarquias,
tendências para o domínio em vez de tendências para a liberdade, exploração de
um número sempre crescente de nações pequenas e fracas por um punhado de nações
extremamente ricas ou poderosas: tudo isso originou os traços específicos do
imperialismo que permitem caracterizá-lo como um capitalismo parasitário ou
decomposto. É cada vez com maior relevo que se manifesta uma das tendências do
imperialismo: a criação de um ‘Estado-Rentista’, de um Estado usurário, cuja
burguesia vive, cada vez mais, da exportação dos seus capitais e do ‘corte de
cupões de títulos’. Mas seria um erro pensar que esta tendência para a
decomposição impede o rápido crescimento do capitalismo; não. Certos ramos da
indústria, certas camadas da burguesia, certos países revelam, na época do
imperialismo, com maior ou com menor força, ora uma, ora outra dessas
tendências.”
“De tudo o que deixamos dito acerca da
natureza econômica do imperialismo, resulta que devemos caracteriza-lo como um
capitalismo de transição, ou mais exatamente, como um capitalismo agonizante.”
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