sábado, 17 de janeiro de 2015

O QUE É O IMPERIALISMO? LÊNIN RESPONDE



















“A supremacia do capital financeiro sobre todas as outras formas do capital significa a hegemonia dos que vivem dos rendimentos e do oligarca financeiro; significa uma situação privilegiada de um pequeno número de estados financeiramente poderosos em relação a todos os outros.”

“O que caracterizava o antigo capitalismo, onde reinava a livre concorrência, era a exportação de mercadorias. O que caracteriza o capitalismo atual, onde reinam os monopólios, é a exportação de capitais.”

“O capital financeiro criou os monopólios. Ora, os monopólios introduzem os seus métodos em toda parte: no mercado público a concorrência é substituída pela utilização de ‘relações’ com vista à obtenção de transações vantajosas. Antes da concessão de um empréstimo, é vulgar exigir que ele seja utilizado, em parte, na compra de produtos ao país mutuante, sobretudo em encomendas de armamentos, de barcos etc. A França, no decurso destes últimos vinte anos (1890-1910), recorreu frequentemente a este processo. Deste modo, a exportação de capitais torna-se um meio de fomentar a exportação de mercadorias.”

“Os países exportadores de capitais partilharam (no sentido figurado da palavra) o mundo entre si. Mas o capital financeiro conduziu também à partilha direta do globo.”

“Antes de mais, os grupos de monopólios capitalistas – cartéis, sindicatos, trustes – partilham o mercado interno entre si, assegurando-se da posse, mais ou menos absoluta, de toda a produção do seu país. Porém, em regime capitalista, o mercado interno liga-se necessariamente ao mercado externo. E, à medida que aumentava a exportação de capitais e se ampliavam, por todas as formas, as relações com o estrangeiro e com as colônias, assim como as ‘zonas de influência’ dos maiores grupos monopolistas, as coisas encaminhavam-se ‘naturalmente’ para um acordo universal entre estes último, para a formação de cartéis internacionais.”

“A época do capitalismo moderno mostra-nos que entre os grupos capitalistas se estabelecem certas relações baseadas sobre a partilha econômica do mundo e que, paralela e consequentemente, se estabeleceram entre os grupos políticos, entre os estados, relações baseadas na partilha territorial do mundo, na luta pelas colônias, na ‘luta pelos territórios econômicos’.”

“O que caracteriza particularmente o capitalismo atual é o domínio dos grupos monopolistas constituídos por grandes empresários. Estes monopólios tornam-se sólidos sobretudo quando reúnem apenas em suas mãos todas as fontes de matérias-primas e nós vimos com que ardor os grupos monopolistas internacionais dirigem os seus esforços no sentido de arrancarem ao adversário toda a possibilidade de concorrência, de se apoderarem, por exemplo, das jazidas de ferro ou de petróleo etc. Somente a posse de colônias dá ao monopólio completas garantias de sucesso face a todas as eventualidades da luta contra os seus rivais, mesmo na hipótese de estes últimos ousarem defender-se com uma lei que estabeleça o monopólio de Estado. Quanto mais o capitalismo se desenvolve, mais se faz sentir a falta de matérias-primas, mais dura se torna a concorrência e a procura de fontes de matérias-primas no mundo inteiro e mais brutal é a luta pela posse de colônias.”

“Se tivéssemos de definir o imperialismo da forma mais breve possível, diríamos que ele é a fase monopolista do capitalismo. Esta definição englobaria o essencial, porque, por um lado, o capital financeiro é o resultado da fusão do capital de alguns grandes bancos monopolistas com o capital de grupos monopolistas de industriais; e, por outro lado, porque a partilha do mundo é a transição da política colonial que se estende sem obstáculos às regiões ainda não apropriadas por qualquer potência capitalista, para a política colonial da posse monopolizada de territórios de um globo inteiramente partilhado.”

“Devemos dar uma definição do imperialismo que englobe os seguintes cinco caracteres fundamentais:

1) concentração da produção e do capital atingindo um grau de desenvolvimento tão elevado que origina os monopólios cujo papel é decisivo na vida econômica;

2) fusão do capital bancário e do capital industrial, e criação, com base nesse ‘capital financeiro’, de uma oligarquia financeira;

3) diferentemente da exportação de mercadorias, a exportação de capitais assume uma importância muito particular;

4) formação de uniões internacionais monopolistas de capitalistas que partilham o mundo entre si;

5) termo da partilha territorial do globo entre as maiores potências capitalistas.”

“Monopólios, oligarquias, tendências para o domínio em vez de tendências para a liberdade, exploração de um número sempre crescente de nações pequenas e fracas por um punhado de nações extremamente ricas ou poderosas: tudo isso originou os traços específicos do imperialismo que permitem caracterizá-lo como um capitalismo parasitário ou decomposto. É cada vez com maior relevo que se manifesta uma das tendências do imperialismo: a criação de um ‘Estado-Rentista’, de um Estado usurário, cuja burguesia vive, cada vez mais, da exportação dos seus capitais e do ‘corte de cupões de títulos’. Mas seria um erro pensar que esta tendência para a decomposição impede o rápido crescimento do capitalismo; não. Certos ramos da indústria, certas camadas da burguesia, certos países revelam, na época do imperialismo, com maior ou com menor força, ora uma, ora outra dessas tendências.”

 “De tudo o que deixamos dito acerca da natureza econômica do imperialismo, resulta que devemos caracteriza-lo como um capitalismo de transição, ou mais exatamente, como um capitalismo agonizante.”


(Citações do livro "O imperialismo, fase superior do capitalismo", de Lênin. São Paulo: Global Editora, 1982.)

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