“Em 1996, a Companhia Vale do Rio Doce estava na lista das empresas a serem privatizadas, mas a descoberta de uma jazida de ouro no Pará ameaçava melar a futura negociação. Ficaria mais difícil torrar a segunda mineradora do mundo com 40 empresas e faturamento de US$ 2 bilhões / ano. Entrevistado, Serra mandou seu recado:
— A descoberta dessa mina não
altera em nada o processo de privatização. Só o preço poderá ser maior – avisou
o ministro do Planejamento de FHC.
(...)
“O controle acionário da Vale foi vendido em
maio de 1997, com direito a financiamento oficial subsidiado aos compradores e
uso de moedas podres. Custou a bagatela de US$ 3,3 bilhões. Hoje, o mercado lhe
atribui preço 60 vezes maior, ou seja, rondando os US$ 200 bilhões. A companhia
foi privatizada de forma perversa, atribuindo-se valor zero às suas imensas
reservas de minério de ferro, capazes de suprir a demanda mundial por 400
anos.”
“Na privatização da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), dos R$ 1,05 bilhão pagos pela maior siderúrgica da
América latina e marco da industrialização nacional no pós-guerra, R$ 1 bilhão
era formado por moedas podres. Nos cofres públicos só ingressaram, de verdade,
R$ 38 milhões... e como se o incrível habitasse o inacreditável, as moedas
podres foram leiloadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, o BNDS. Nesta matrioshka na qual as aberrações brotam uma a uma do
interior da outra, o BNDS ainda financiou a aquisição das moedas podres com
prazo de 12 anos para pagá-las.”
“Na privatização da Ferrovia
Paulista S.A. (Fepasa), o governo de São Paulo, sob o PSDB de Mário Covas,
demitiu dez mil funcionários e assumiu a responsabilidade pelos 50 mil
aposentados da ferrovia! No Rio, o também tucano Marcelo Alencar realizou
proeza maior: vendeu o BANERJ para o Itaú por R$ 330 milhões, mas antes da
privatização demitiu 6,2 mil dos 12 mil funcionários do banco estadual.”
“O resultado disso é que, em
dezembro de 1998, quando já haviam sido leiloadas grandes empresas como Vale,
Embraer, Usiminas, Copesul, CSN, Light, Acesita e as ferrovias, havia um
descompasso entre a expectativa e realidade. Enquanto o governo FHC afirmava
ter arrecadado R$ 85,2 bilhões no processo, o jornalista Aloysio Biondi
publicava no seu best-seller O Brasil privatizado que o país pagara para vender
suas estatais. Este pagamento atingira R$ 87,6 bilhões, portanto R$ 2,4 bilhões
A MAIS do que recebera.”
(Amaury Jr., em A PRIVATARIA TUCANA)
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