sábado, 8 de junho de 2013
UM POEMA DE MARCELI ANDRESA BECKER
sou uma coluna crematória.
queimo teu nome,
aquática.
hidra.
sou o desaguadouro desta espiral de mortos que te antecede. redemoinho. digo que no alto de meu pensamento há uma hóstia: a lâmina de teu minicrânio lunar, liso,
de teus antivocalises de mármore.
*
sou uma hidra de nove línguas, e embaixo de cada uma dessas línguas estão as miniluas-palavras que tu não sabes dizer. os nomes de teus mortos,
intactos.
teus antepassados.
*
é um fluir de espelhos que se ilumina e se turva
na minha saliva.
nas bocas das centenas de mortos
que beijo
através da tua boca.
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