quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PRISMA IV


cristal negro, / réptil negro, / sub-reptícia / anã negra / (amarga) / entre folhas./ flor de abril / recrocita / olho- / de-búfalo:/ unhas traçam / a agrimensura / do escuro, / acendem lúnulas / de lacraias / até tropismo / de fetos / (para ver) (a beleza) / (que há no mundo) / (e em mim). / nenhuma porta / ou esta / que se abre, / esta / que se fecha, / este caminho, / nenhum caminho / (tudo) / (é labirinto). / entre piçarras / e rudimentos / de papoulas, / entre seios / e um agudo / senso / de alvura, / lavoura / de auroras / alteradas. / (pedra) / (é um jogo) / (como saltar) / (abismos), / (piscar) / (os ossos,) / (remoer) / (a rosa,) / (cinema) / (mental) / (ou séquito) / (de desatinos). / um, dissocia / mariposa; / dois, coagula / lunário; / três, escurecem / larvais, / restilo / de cores / abolidas. / tudo é mistério, / deslinde / de lanugens / até dessangrar / palavras- / peixes.

2008
(Poema do livro Fera Bifronte)

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