terça-feira, 10 de janeiro de 2012

UM POEMA DE MARCELO ARIEL


SALMO PARA A PALESTINA


Uma rosa de Sal
não afunda;
Ama.
Uma rosa de cristal
não morre:
Brilha.
Uma rosa de luz
não compreende:
Vive.
Você ouvirá
todas as rosas
cantando seu nome
Palestina
No jardim
que antes estava
fechado para ti.
Palestina
A folha secando
na areia
não será mais
a morte,
mas o êxtase
da fusão
com o céu
que tu agora chamas
de chão,
Palestina
Será como uma oração
este calor
desenhando um arco
em volta do teu coração
Uma auréola
de alegria e paz
ao redor
de qualquer rosto
Palestina
Amar qualquer rosto
será mais
do que amar uma Nação,
Erramos quando pensamos
Que o amor estava
Ali, o amor é este lugar
É qualquer rosto vivo e está aqui,
Não é o deslocamento do azul do céu,
Palestina
Não é o sangue derramado
não é o dinheiro, esta onda que avança
por dentro do sangue de inúteis exércitos
até o fundo do oceano, destino de todo o ouro
e depois sobe. volta
até a absurda praia dos ossos.
Palestina
Eis o triunfo do amor
Secando o mar de sangue .
Teus mortos
Verão o Sol frio como a Lua
Incipit parodia
Do mais real do que o sonho.
Palestina
Cesse de cantar a canção do impossível
para a aragem
do campo das beatitudes,
que se apague
da mente dos poetas
este canto,
onde Querubins sem braço
com a cabeça enfaixada
brincam com Azrael,
O Poeta do povo
dirá
ao pisar no teu Solo:
Sentimos o nascimento
Dos braços,
A queda
Das asas
E a das folhas
Da árvore do bem e do mal,
Agora nos consola
Saber
Que a palavra
Mais sublime
Não ilumina o suficiente,
Que uma língua tocando a outra
Não ilumina o suficiente
Somente o olhar dos animais pacíficos
Pastando nos teus campos
Palestina
Como a morte
E o amor
Iluminam
este silêncio
Dos mortos
Para sempre.

Marcelo Ariel é poeta. O poema apresentado aqui faz parte do livro Teatrofantasma: poesia e prosa, a sair pela Letra Selvagem Edições.

3 comentários:

  1. Anônimo12.1.12

    "Cesse de cantar a canção do impossível
    para a aragem
    do campo das beatitudes,
    que se apague
    da mente dos poetas
    este canto,
    onde Querubins sem braço
    com a cabeça enfaixada
    brincam com Azrael",


    muito bom; um poema em camadas, que faz estarrecer.

    nem falo do conteúdo, do que trata - não há como falar, apenas.

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  2. ahh...esse é O cara!! não dá pra agradecer com palavras...se pudesse desenhava o pulso cintilante por todo o meu corpo ao lê-lo, caríssimo...ahh! o Mar...

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  3. Poema Salmo para Palestina, musicado na voz de Marcelo Ariel: http://soundcloud.com/rquim2/salmo_para_palestina

    Sufi Crew

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