Do mar, na ponta de cada tentáculo
Dentes, de lobo: animal faminto
Devorando as bordas
Do mundo.
Oito-Olhos no centro: aranha cravada no eixo
Do nada
Patas caçando
Um porto seguro
No vazio, raízes em expansão:
Pensar num besouro caído com o dorso
No chão quente: movimentos descoordenados no ar:
Membros de uma pessoa jogada do terraço de um arranha
Céu.
Tudo isso.
Um corpo que sente a vida ser criada
Apaixonadamente, como dor, feridas
Que se cristalizam, mineralizando-se:
Assim o desejo se cristaliza em poema.
Assim o lodo se cristaliza em história.
Assim o caos se cristaliza em cosmo.
Daniel Faria é historiador e poeta. Autor do livro O mito modernista, publicado pela EdUFU em 2006. Publicou o livro de poemas Matéria-prima, pelo projeto Dulcinéia Catadora em 2007. Acaba de ser incluído na antologia Pequena cartografia da poesia brasileira contemporânea, organizada por Marcelo Ariel e editado pela Caiçaras. Escreve no blog linguaepistolar.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário