sábado, 17 de dezembro de 2011

UM POEMA DE JOSELY VIANNA BAPTISTA

MORADAS NÔMADES

carunchos e cupins roem,
vorazes, a choupana de ripas

pendem do esteio ramos de trigo,
feito amuleto para celeiros cheios;
tachos esfarelam crostas de grãos moídos
e redes balançam seus esgarços,
perto do chão onde uma nódoa preta
mostra o antigo fogo

tudo abandono, e, no entanto,
lá fora o pomar semeado
para os que agora cruzam
(trouxas vazias), um
por um, os onze mil
guapuruvus

(do livro Roça barroca. Cosac & Naif, 2011)

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