quarta-feira, 15 de abril de 2009

UM POEMA DE RONALD POLITO

UMA CONJECTURA

Todos os textos
e nenhum.
Ou o fardo de
tudo ser dito de
novo. E todas as palavras
virem comparecer aqui,
com sua fortaleza e
vontade, fundeando,
ao acaso, numa perspectiva
de respiração,
portos, rotas, mãos que
ainda acenam mesmo
de muito longe. E
todos os gritos e balbucios,
inclusive os contidos
nos gestos, nas autômatas
contrações das pupilas,
em uníssono no estrondo
de um grande ruído
capaz de (em algum lugar
está dito) se
situar acima do ubíquo
silêncio,
aniquilando-o.

(Poema do livro Terminal. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006)

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