sábado, 12 de novembro de 2022

A LITERATURA BRASILEIRA NÃO EXISTE

 

Ou melhor, há várias literaturas dentro dessa literatura: 1) o cânone histórico, sujeito a contínuas revisões críticas, com subtrações e acréscimos, que vai de Gregório de Matos a Arnaldo Antunes e Josely Vianna Baptista; 2) a lieratura experimental, menos lida e valorizada, porém a parte mais viva de nossas letras, que vai de Sousândrade e Pedro Kilkerry a Oswald de Andrade, Patrícia Galvão, Campos de Carvalho, Valêncio Xavier e aos (poucos) poetas e prosadores contemporâneos que pesquisam a poesia visual, sonora, performática, videopoesia e textos de invenção; 3) a "literatura de mercado", publicada por grandes editoras, que recebe prêmios e reconhecimento midiático, porém poucas vezes devido à qualidade artística, e muito mais pela viabilidade comercial de certos autores e obras; 4) a literatura periférica, produzida fora dos grandes centros urbanos, que registra o cotidiano de populações excluídas e apresenta novos autores, leitores e obras, cuja importância social talvez supere a sua importância estritamente literária (ao menos por enquanto); 5) as literaturas orais, que incluem desde os poemas cantados das etnias indígenas e dos quilombolas até a tradição do cordel (que é cantado mas também escrito). O que acontece hoje em dia é o esforço das grandes editoras de criar um mercado editorial voltado ao público "médio", com obras medianas, de autores medíocres, obras de fácil compreensão e rápido retorno comercial, que alimente o circuito editoras-livrarias-mídia-cânone universitário. Diante desse fato, o que um escritor sério pode fazer é dar as costas ao mercado, à moda e à mídia e dedicar-se à criação de obras consistentes, densas, inventivas, que circulem fora (e contra) esse sistema de meios termos. Se possível, ir além de si mesmo e colaborar com formas coletivas de resistência, seja através de revistas, jornais, manifestos, performances e outras ações que mostrem, aos poucos leitores interessados, que ainda há vida inteligente na poesia, no romance, no conto, na dramaturgia e em outros gêneros do que se convencionou chamar de literatura.



 

sábado, 5 de novembro de 2022

CONTRA A CORRENTE







LIERATURA DE MERCADO é a produção literária divulgada por grandes editoras, em especial a Companhia das Letras, que escolhe autores e obras não (apenas) pela qualidade artística, originalidade temática e invenção formal, mas sobretudo pela facilidade de leitura, ou seja, pelo potencial de consumo. A atividade editorial é um segmento da economia que visa o lucro, assim como os açougues e supermercados. Para promover os seus produtos, a indústria editorial promove poetas e romancistas medíocres, ao lado de autores de qualidade já reconhecidos, influencia o resultado de concursos importantes, como o Jabuti, exerce sua hegemonia no que resta de crítica literária no país e faz da Flip o grande show room de seus produtos. O que tudo isso tem a ver com a literatura de qualidade? Muito pouco. O mais trágico é ver autores vendendo a alma, buscando o "sucesso a qualquer preço". Nada disso pode ser evitado, mas é possível uma resistência por parte daqueles que não concordam com os princípios capitalistas aplicados às letras. Essa resistência ganha alguma visibilidade para os que amam a literatura de verdade graças ao heroísmo de pequenas editoras independentes, como a Kotter, Demônio Negro, Córrego, Urutau, Lumme, entre outras, a revistas eletrônicas de qualidade, como Germina, Mallarmargens, Ruído Manifesto e ZUNÁI, REVISTA DE POESIA & DEBATES . Para reforçar essa linha de frente contra a mediocridade coroada foi criado o Banquete, Jornal de Resenhas e Crítica Literária, editado por Rita Coitinho , Paola Schroeder e por mim.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

QUEM PRECISA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS?

 








A relevância da Academia Brasileira de Letras para a divulgação de nossa literatura é, há bastante tempo, discutível: poetas e escritores como Monteiro Lobato, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Augusto de Campos, Paulo Leminski, Roberto Piva, jamais foram eleitos para se sentarem à mesa dos “imortais”.

A ABL ofereceu o fardão, o chá das cinco e o túmulo gratuito para personagens sinistros de nossa história, entre eles o general Lira Tavares, um dos autores do AI-5 (que assinava sua obra poética com o pseudônimo de "Adelita"), Marco Maciel, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso (autor da célebre frase: “esqueçam tudo o que escrevi”), além de personalidades midiáticas como o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, o “bruxo” Paulo Coelho e o jornalista do Globo Merval Pereira, conhecido pelo colérico discurso antipetista.

Talvez devido à má fama desses nomes, em busca de alguma credibilidade, a ABL aceitou recentemente como membros Gilberto Gil – notável cantor, compositor e músico brasileiro, cujas letras de canções podem ser consideradas obras literárias, e a atriz Fernanda Montenegro, a grande dama do teatro brasileiro, cuja contribuição à literatura é desconhecida. A relação de todos os nomes apresentada acima nos leva a pensar: que autoridade tem a ABL para julgar a qualidade de uma obra literária? Qual tem sido a sua contribuição para a divulgação da literatura brasileira, no país e no exterior? Qual é a relevância da ABL em nosso cenário cultural e por qual motivo ela ainda existe? Sem dúvida, todas essas questões merecem ser debatidas pela sociedade brasileira, que merece ser informada sobre o que é realizado por essa instituição.

O que pretendo discutir aqui, porém, é outro coisa: o país está tão pobre assim em matéria de poesia? Ou será que não temos uma crítica literária especializada séria na imprensa diária? Lançamentos de livros de poesia raramente são noticiados na mídia impressa (a menos que seus autores pertençam a famílias de prestígio social ou poderio econômico), autores contemporâneos quase nunca são entrevistados em programas de rádio e televisão, as grandes livrarias, como a Livraria Cultura, preferem colocar nas vitrines livros esotéricos, de autoajuda ou de gurus da extrema-direita, como o falecido astrólogo Olavo de Carvalho e o coronel torturador Brilhante Ustra e, para completar o triste cenário, as escolas de ensino médio e muitas faculdades de Letras evitam a literatura contemporânea.

Neste contexto cruel, quem faz a diferença são as pequenas editoras, como a Kotter, Urutau, Córrego, Patuá, Demônio Negro, Oficina Raquel, Dobra Editorial, Lumme Editor, entre outras, que assumem o risco de publicar livros de poesia e prosa de qualidade, geralmente em edições de pequena tiragem e com apurado cuidado gráfico. Livros que, quase sempre, são totalmente ignorados pelos jurados de concursos literários como o Jabuti, que, por razões pouco claras (mas que nada têm a ver com qualidade literária), preferem premiar, sempre, livros publicados pela editora Companhia das Letras (SEIS dos dez semifinalistas na categoria Romance Literário da edição de 2022 do Jabuti são da mesma editora, fato escandaloso e pouco comentado).

A mesma Companhia das Letras que também é a principal beneficiária dos eventos da FLIP, que divulgam sobretudo autores publicados por essa casa editorial, o que contribui tanto para o marketing da editora quanto para a sua contabilidade. Está surgindo no Brasil, impulsionada pelo establishment midiático-editorial, uma LITERATURA DE MERCADO, voltada não à pesquisa de linguagem, à investigação e denúncia da realidade social, à originalidade temática e à criatividade artística, mas destinada a atender um público leitor “mediano”, que jamais leria o Finnegans Wake, mas é capaz de assimilar romances mornos, lineares, com início, meio e fim, ou livros de poesia “angelicais”, fáceis, cheias de piadinhas tolas, à maneira da Poesia Marginal, e um conteúdo diluído do “politicamente correto”. Esta é a receita do sucesso!

Claro: assim como relógio parado está certo ao menos duas vezes por dia, notamos no catálogo da Companhia poetas de qualidade que há muito tempo receberam o reconhecimento por parte da crítica literária, como Arnaldo Antunes e Armando Freitas Filho, autores que “agregam valor à marca” da editora, para usarmos o jargão do marketing. A Companhia publicou uma tradução do Ulisses de James Joyce, mas podemos imaginar o que aconteceria se, em vez de um nome basilar da literatura ocidental, Joyce fosse um jovem romancista brasileiro que oferecesse os originais de Ulisses a essa mesma editora... talvez nem ao menos recebesse uma carta de recusa em linhas breves e polidas, por ser autor de livros difíceis, longos, “cheios de palavras”, como diria certo capitão, que em matéria de livros conhece apenas o de seu ídolo, o coronel torturador Brilhante Ustra.

O que faz a Academia Brasileira de Letras para divulgar os jovens autores de qualidade em relação à publicação, divulgação e reconhecimento de seus livros? Absolutamente nada, apesar do número expressivo de autores que têm publicado livros excepcionais nos últimos anos, como Jade Luísa, Paola Schroeder, Daniela Pace Devisate, Sidnei Olívio, Guilherme Delgado, Edelson Nagues, entre tantos outros, cercados pelo silêncio dos contentes. No entanto, essa é uma poesia que não depende do clube de autoelogio a que se resumiu a ABL, não obtém favores da moda e da mídia, mas insiste em existir e se reinventar, mesmo na condição de ruído, dissonância, resistência à mediocridade. Esta é a poesia de qualidade. É o que conta para hoje e para a posteridade.

OS DESAFIOS DE LULA


 






1) A vitória de Lula, no contexto internacional, significa o fortalecimento do campo democrático-progressista de esquerda ou centro-esquerda na América  Latina, que inclui hoje Cuba, México, Honduras, Nicarágua, Venezuela, Colômbia, Chile, Bolívia, Peru, Argentina e Brasil, restando ainda enclaves de direita no Equador, Uruguai, Paraguai e em vários países da América Central. Com o retorno do Brasil ao polo progressista, organismos de cooperação regional como o Mercosul, a Unasul e a Alalc, que não têm a participação dos Estados Unidos, ficarão mais fortes, e a Organização dos Estados Americanos  (OEA), ou o “ministério das colônias ianques”, segundo Che Guevara, cairá na irrelevância.  

2) O Brasil terá uma presença mais destacada nos Brics, ao lado da Rússia, Índia, China e África do Sul, e talvez o bloco se amplie com o ingresso da Argentina e do Irã. Com isso, o Banco dos Brics poderá substituir as organizações financeiras controladas pelos EUA, financiando projetos de desenvolvimento com juros mais baixos, e em algum futuro os Brics poderão adotar uma moeda própria, em substituição ao dólar. Com o Brasil na vanguarda da América Latina, os acordos comerciais entre os Brics e o Mercosul também poderão crescer, o que contribuirá para o enfraquecimento da hegemonia norte-americana e para a construção de uma nova ordem multipolar.

3) A derrota de Bolsonaro é uma derrota para o fascismo internacional, que até então tinha o Brasil como país-líder, sobretudo em organizações para o combate ao aborto e à assim chamada “ideologia de gênero”. Após a derrota de Trump nas eleições norte-americanas, Bolsonaro passou a ser o líder de referência dos movimentos fascistas, que hoje estão no poder na Hungria, Polônia, Itália, Suécia e outros países europeus.

4) No plano nacional, a primeira observação importante a ser realizada é que as eleições mostraram um Brasil dividido: enquanto o Sul, Sudeste e Centro-Oeste deram a vitória a Bolsonaro, o Norte e o Nordeste deram a vitória final a Lula. Um país dividido é sempre mais difícil de ser governado e Lula terá que adotar uma política de curto prazo para ampliar a sua popularidade e conquistar corações e mentes até agora contrários ao petista.

5) Esta divisão acontece também nos governos estaduais, que igualmente estão polarizados, 11 governadores estão alinhados com Lula e 14 contra. Como os estados e municípios dependem de verbas federais, porém, talvez Lula consiga costurar, com prefeitos e governadores de oposição, uma política de convivência mutuamente satisfatória, que evite uma ruptura e conflito entre o Executivo Federal e os governos estaduais e municipais.

6) No Congresso Nacional, essa polarização adquire outro contorno, pois mais da metade do Congresso Nacional é controlado pela direita e pela extrema-direita. Os partidos da coligação de Lula somam pouco mais de cem deputados, o que significa a necessidade de se obter apoio de outras legendas e parlamentares para a aprovação dos projetos do Executivo. Geraldo Alckmin foi escolhido para ser o vice de Lula exatamente para desempenhar esse papel: o de conversar com deputados e senadores do MDB, PSDB, União Brasil e outros do Centrão que eventualmente possam somar forças à bancada governista. Não será uma tarefa fácil e, caso fracasse, nada impede que o Congresso Nacional tente votar o impeachment de Lula. Aguardemos.

7) A Lei de Diretrizes e Bases Orçamentárias, ou LDO, para 2023 já foi aprovada, com cortes significativos para as áreas de saúde, educação, ciência e tecnologia etc. Lula terá de dialogar com o Congresso para mudar a LDO, caso queira, em seu primeiro ano de governo, retomar programas sociais como o Minha Casa Minha Vida, o Ciência sem Fronteiras etc.

8) Além das articulações políticas em Brasília, os movimentos sociais terão importância fundamental para pressionar o Congresso Nacional a votar a favor das pautas sociais; resta saber se os partidos de esquerda, centrais sindicais, entidades de negros, mulheres, estudantes etc. serão protagonistas ou se, como aconteceu na época dos governos de Lula e Dilma, guardarão suas bandeiras em casa.

9) A ameaça golpista não está descartada, porém, não tem a força que os bolsominions acreditavam, por várias razões: a) os Estados Unidos já declararam não apoiar qualquer aventura golpista e Biden já telefonou a Lula para lhe dar os parabéns; b) no mesmo dia da apuração, além dos EUA, China, União Europeia, México, Argentina e outros países reconheceram a vitória de Lula; c) os presidentes da Câmara Federal e do Senado também reconheceram o novo governo e até o Inominável, que telefonou para Alexandre de Moraes aceitando o resultado das eleições; d) a Fiesp, a Febraban e até entidades do agronegócio já se manifestaram no ano passado, no 7 de setembro, contra qualquer aventura golpista e pelo respeito ao estado de direito e à democracia; e) a Igreja Católica e parte da mídia hegemônica assumiram idêntica postura; f) as Forças Armadas nunca deram um golpe de estado sozinhas. Mesmo em 2016, quando Dilma foi derrubada, houve um amplo leque de forças, sobretudo civis, que “legitimaram” o golpe de estado. Em 1964, aliás, também foi assim, apesar do protagonismo assumido pelas Forças Armadas. Hoje, concretamente, o golpismo se resume ao movimento dos caminhoneiros, que pode ser facilmente desarticulado pela Polícia Federal ou pela Polícia Rodoviária Federal, por pressão do Judiciário, e às loucuras de Roberto Jefferson e da pistoleira espanhola  Carla Zambelli, que podem ter agido do modo como agiram para incentivar uma ação das milícias paramilitares, o que não aconteceu. Sem uma articulação de forças que envolve planejamento, logística e sobretudo o apoio do Exército, da Polícia Militar, do STF, da classe média e sobretudo dos EUA, não se faz golpe de estado. Ações isoladas são demonstrações psiquiátricas, patéticas, nada mais. Claro que haverá tentativas golpistas contra Lula, sobretudo com um Congresso Nacional dominado pela direita, mas o que vemos hoje é algo tão bizarro e tosco quanto o desfile de tanques velhos da Marinha soltando fumaça preta no 7 de setembro.

A existência dessas milícias e de arsenais privados de armas, porém, ameaçam a democracia e Lula precisa, em seu primeiro ano de mandato, adotar uma política de desarmamento, que inclua o fim dos clubes de tiro e de caçadores de animais. Não será uma tarefa fácil desarmar os fascistas e para isso o Congresso deve votar novas leis específicas e a Polícia Federal ser chamada, sempre que for necessário.

10) O bolsonarismo, enquanto ideologia, prática política, conjunto de preconceitos, discurso de ódio e ações de violência continuará a existir por anos ou décadas. Assim como a Alemanha, após a derrota na II Guerra Mundial, iniciou um processo de desnazificação, com o julgamento e prisão dos criminosos nazistas e a interdição de qualquer tipo de propaganda inspirada nas ideias de Hitler, precisamos desbolsonarizar o país, em uma ação que envolva a educação, a imprensa, o judiciário, campanhas públicas para a reeducação da sociedade e a dissolução das Polícias Militares e outras organizações terroristas. É necessário desarmar e prender os milicianos, os agropecuaristas envolvidos em atos de violência no campo e a adoção de leis duras que punam qualquer ação de racismo, homofobia ou misoginia. As instituições religiosas precisam pagar impostos e serem orientadas a não realizarem discursos de ódio, sob pena de responder a ações legais. As Forças Armadas devem cumprir apenas a função de defender a soberania do território nacional contra agressões externas, sendo necessário para isso alterar a Constituição. Por fim, todos os responsáveis por atos de corrupção, violência ou propaganda de ódio durante o período bolsonarista precisam ser presos, julgados e condenados. Tudo isso parece utopia e com certeza não será feito em curto período de tempo, mas, se não houver uma política eficaz de combate ao fascismo, seremos novamente vítimas dele em futuro próximo.        

11) Por fim, a economia. O governo Lula não será um governo petista, nem de esquerda, no máximo de centro-esquerda, em aliança com setores democráticos da burguesia. O PAPEL HISTÓRICO DE LULA não é o de liderar a revolução socialista no Brasil, mas sim o de fortalecer a democracia, o estado de direito, o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e inclusão social, com soberania e defesa dos interesses estratégicos nacionais. Com Lula será possível fazer com que o Brasil finalmente ingresse na idade contemporânea, superando o atraso secular do país em relação às nações desenvolvidas. Cabe a ele a tarefa de impulsionar o desenvolvimento industrial, científico e tecnológico do país, investir na educação, na saúde, na cultura, na erradicação da fome e da miséria. Nessa reinvenção ou refundação do Brasil é preciso defender a visão do país como um estado laico, que respeite os direitos dos trabalhadores, das mulheres, negros, índios, homoafetivos e outros grupos sociais discriminados. Hoje, não há condições objetivas ou subjetivas para que aconteça uma revolução. Fazer com que o Brasil se torne um país próspero, independente, moderno, que supere a monocultura para exportação e implemente a reforma agrária, fortaleça a agricultura familiar e a produção de alimentos orgânicos, sem destruir o meio ambiente, já será um imenso avanço civilizacional. O principal desafio econômico de Lula será o de conciliar um programa de reindustrialização do país com algum controle do teto de gastos e a adoção de uma Nova Legislação Trabalhista, construída conjuntamente pelo governo federal, as centrais sindicais e as entidades empresariais. Como isso acontecerá, não tenho a menor ideia, e com certeza será o maior desafio histórico de toda a carreira política de um operário metalúrgico pernambucano chamado Luís Inácio Lula da Silva, que se tornou pela terceira vez presidente do Brasil.