terça-feira, 22 de novembro de 2011
POETAS DA PALESTINA (III)
REFUGIADO
O sol atravessa as fronteiras
sem que os soldados atirem
o rouxinol canta manhã e tarde
e dorme em paz
com todos os pássaros dos kibutz
um asno extraviado
pica o pasto
em paz
sobre a linha de fogo
sem que os soldados atirem nele
e eu
teu filho exilado
-- Ó terra de minha pátria
entre meus olhos e teus horizontes
a muralha das fronteiras
(Salim Jabran)
SOBRE OS ÍNDIOS VERMELHOS
A América
das flores mortuárias
danças e ritmos sobre as ruínas
de vocês não sobra mais que os filmes
que provocam risos... e as lágrimas
Ó meus irmãos os mortos
que provocam o riso e as lágrimas!
Os campos dos colonos se estendem por toda parte
amplos, ricos, reverdejantes
as fábricas dos colonos ensurdecem o mundo com sua algazarra
infectam o céu
que posso dizer irmãos meus?
Que vossa história durma em paz
e a morte à civilização
que se edifica sobre as ruínas
e o sangue!
(Salim Jabran)
JOSÉ NO FUNDO DO POÇO
Tuas palavras
ó condutor de caravanas
são tristes
tuas palavras se vão com o vento
e a noite é uma horda de lobos dementes
o transeunte manchou minha fronte
me transpassaram
os inimigos me torturaram
porque meus olhos só amaram
minha pátria
me crucificaram na solidão
Ó condutor de caravanas
meus irmãos me ataram
e me lançaram no fundo do poço
seu silêncio me mata
me assassinaram
Ó condutor de caravanas
porque amei
(Muhammad Al Qissi)
Traduções: Jaime W. Cardoso e José Carlos Gondim
(Do livro Poesia palestina de combate. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.)
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