Num estranho processo de metamorfose
a língua nos mumifica
enchendo-nos a boca de algodão
Taxidermistas de nós mesmos
nossos olhos são as presas
alfinetes
os ruídos.
V
Ser como o grilo
e seu canto
Permanecer oculto
nas esquinas
da casa
e dizer tanto
com tão pouco.
IX
Você se aproxima aproxima da caixa
com tremenda devoção
a seus insetos
Examina-os, inspeciona-os
sem atrever-te a soltá-los
de seus alfinetes
Mas quando ninguém te vê
à hora da sesta
por fim te decides
Levantas o cristal
e percebes
que tantas mortes
também cabem numa página
Para tirar-lhes o pó
sopras sobre suas carapaças
Sem querer
tocam-se suas membranas
fundem-se suas barrigas
e outro animal
inclassificado
deixa seu rastro no poema.
XII
Mudar de linguagem
como a serpente
muda de pele.
Traduções: Claudio Daniel
Julio Espinosa Guerra (Chile, 1974) reside na Espanha desde 2001. Publicou os livros de poesia La soledad del encuentro (1999), Las metamorfosis de un animal sin paraíso (2004), a antologia La poesía del siglo XX en Chile (2006) e a novela El día que fue ayer (2006). Dirige a revista de poesia Heterogénea.
deixei-me espetar nesta caixa de palavras.
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